A empresa Frucar, em Carrazeda de Ansiães, corre o risco de fechar as portas e criar mais uma dezena de desempregados. Por causa do mau tempo, quase não tem maçã para garantir a campanha. Pediu ajuda ao governo mas a resposta foi negativa.
O granizo é novamente o responsável pela crise frutícola no concelho. Desta vez, duplamente culpado, pois arrasou em Junho o que poupara na primeira investida, em Maio. Resultado: “A maçã deixou de ter qualquer valor comercial, vai toda para a indústria, para concentrados”, lastima António Augusto, gerente da Frucar, empresa que comercializa quase metade das cerca de 10 mil toneladas de maçã que o concelho produz.
Ora, os efeitos do temporal já por si retiram sustento aos agricultores, mas uma vez que quase todos têm seguro agrícola podem ver reduzido o prejuízo. O mesmo não se passa com a Frucar que sem maçã qualificada “não vai poder satisfazer os seus compromissos com os habituais clientes”. Fica “comprometida” a estabilidade desta organização de produtores.
Em maus lençóis também podem ficar os 10 funcionários do quadro, bem como quase outros tantos que são contratados na época da apanha, que este ano devem ser dispensados. E há compromissos assumidos que também não poderão ser satisfeitos.
Os lamentos de António Augusto, também vice-presidente da Associação Nacional de Organizações de Produtores, desfilam à medida que percorre um dos seus pomares, que espelham bem a miséria que se adivinha. O difícil é ver uma só maçã que não exiba o mau aspecto da mossa feita pelo granizo.
De olhos apontados à crise que aí vem, revela que “atempadamente” foi solicitado apoio à Direcção Regional de Agricultura do Norte, no sentido de proporcionar à Frucar algumas medidas de excepção para “ajudar a passar o mau bocado deste ano”: a isenção temporária do pagamento das remunerações à Segurança Social relativas aos funcionários da empresa, a abertura de uma linha de crédito por cinco anos para assegurar compromissos da instituição e despesas correntes, e ainda o atraso de um ano na reposição de verbas ao Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas.
“Acho que não estávamos a pedir nada de mais, tendo em conta a importância da empresa para o desenvolvimento do concelho, mas nada foi aprovado”, disse, criticando os serviços do governo ligados à agricultura. “Nós nem pedimos subsídios para os agricultores. É apenas uma medida de excepção para uma empresa que está em vias de encerrar as portas. Assim, se calhar, vamos mesmo fechar”, realçou.
Numa situação semelhante estão outros produtores de maçã do concelho que também têm estruturas de comercialização. Um deles é José Bernardo, da Quinta da Aveleira, a braços, este ano, com “prejuízos na ordem dos 95%”. O seguro agrícola contratado cobre 80% das perdas, prevendo que possa vender a fruta maltratada pelo granizo a quatro cêntimos o quilo para concentrado.
Apesar disso, não dá garantias aos seus cinco funcionários. “Se não temos maçã boa para vender, os postos de trabalho estão em risco, claro”, admite este fruticultor que colhe, em média, 1200 toneladas de maça por ano. José Bernardo também é dirigente da Associação dos Fruticultores, Viticultores e Olivicultores do Planalto de Ansiães e adianta que 2008 é ano de crise para “todos os produtores de maçã” do concelho, sublinhando que as duas intempéries de granizo afectaram, em menor ou maior extensão, todos os pomares.
Números:
90 por cento – estimativa do prejuízo geral causado pelo mau tempo durante a Primavera nos pomares de maçã de Carrazeda de Ansiães. No entanto, alguns deles têm toda a produção estragada. Num ano médio a Frucar recebe quatro mil toneladas, este ano deve ficar-se pelas 200.
400 mil euros – Custos anuais da actividade da Frucar. Receita que provém da comercialização de maçã fornecida pelos cerca de 20 sócios e de outros agricultores do concelho. Este ano, sem fruto para vender, não haverá receitas.
Eduardo Pinto/JN/Rádio Ansiães
O granizo é novamente o responsável pela crise frutícola no concelho. Desta vez, duplamente culpado, pois arrasou em Junho o que poupara na primeira investida, em Maio. Resultado: “A maçã deixou de ter qualquer valor comercial, vai toda para a indústria, para concentrados”, lastima António Augusto, gerente da Frucar, empresa que comercializa quase metade das cerca de 10 mil toneladas de maçã que o concelho produz.
Ora, os efeitos do temporal já por si retiram sustento aos agricultores, mas uma vez que quase todos têm seguro agrícola podem ver reduzido o prejuízo. O mesmo não se passa com a Frucar que sem maçã qualificada “não vai poder satisfazer os seus compromissos com os habituais clientes”. Fica “comprometida” a estabilidade desta organização de produtores.
Em maus lençóis também podem ficar os 10 funcionários do quadro, bem como quase outros tantos que são contratados na época da apanha, que este ano devem ser dispensados. E há compromissos assumidos que também não poderão ser satisfeitos.
Os lamentos de António Augusto, também vice-presidente da Associação Nacional de Organizações de Produtores, desfilam à medida que percorre um dos seus pomares, que espelham bem a miséria que se adivinha. O difícil é ver uma só maçã que não exiba o mau aspecto da mossa feita pelo granizo.
De olhos apontados à crise que aí vem, revela que “atempadamente” foi solicitado apoio à Direcção Regional de Agricultura do Norte, no sentido de proporcionar à Frucar algumas medidas de excepção para “ajudar a passar o mau bocado deste ano”: a isenção temporária do pagamento das remunerações à Segurança Social relativas aos funcionários da empresa, a abertura de uma linha de crédito por cinco anos para assegurar compromissos da instituição e despesas correntes, e ainda o atraso de um ano na reposição de verbas ao Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas.
“Acho que não estávamos a pedir nada de mais, tendo em conta a importância da empresa para o desenvolvimento do concelho, mas nada foi aprovado”, disse, criticando os serviços do governo ligados à agricultura. “Nós nem pedimos subsídios para os agricultores. É apenas uma medida de excepção para uma empresa que está em vias de encerrar as portas. Assim, se calhar, vamos mesmo fechar”, realçou.
Numa situação semelhante estão outros produtores de maçã do concelho que também têm estruturas de comercialização. Um deles é José Bernardo, da Quinta da Aveleira, a braços, este ano, com “prejuízos na ordem dos 95%”. O seguro agrícola contratado cobre 80% das perdas, prevendo que possa vender a fruta maltratada pelo granizo a quatro cêntimos o quilo para concentrado.
Apesar disso, não dá garantias aos seus cinco funcionários. “Se não temos maçã boa para vender, os postos de trabalho estão em risco, claro”, admite este fruticultor que colhe, em média, 1200 toneladas de maça por ano. José Bernardo também é dirigente da Associação dos Fruticultores, Viticultores e Olivicultores do Planalto de Ansiães e adianta que 2008 é ano de crise para “todos os produtores de maçã” do concelho, sublinhando que as duas intempéries de granizo afectaram, em menor ou maior extensão, todos os pomares.
Números:
90 por cento – estimativa do prejuízo geral causado pelo mau tempo durante a Primavera nos pomares de maçã de Carrazeda de Ansiães. No entanto, alguns deles têm toda a produção estragada. Num ano médio a Frucar recebe quatro mil toneladas, este ano deve ficar-se pelas 200.
400 mil euros – Custos anuais da actividade da Frucar. Receita que provém da comercialização de maçã fornecida pelos cerca de 20 sócios e de outros agricultores do concelho. Este ano, sem fruto para vender, não haverá receitas.
Eduardo Pinto/JN/Rádio Ansiães
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