segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Daqui e dali... João Lopes de Matos

Respostas (interregno)

Os intelectuais

Que raio de bichos serão os intelectuais para que muita gente em Carrazeda não goste deles e se arrogue até o direito de os expulsar oude os não deixar entrar, como se hoje fosse possível existir tal direito?
Será que toda a gente em Carrazeda pensa assim? Quem fala em nome das gentes de Carrazeda terá mesmo mandato para falar em nome delas? Eu sei que nós todos não vamos com a cara de muita gente. Mas daí a pensar em expulsões ou actos semelhantes vai um passo muito grande.
Não estamos propriamente na Idade Média.
Mas que espécies de intelectuais haverá, para ver se alguns se aproveitam.
Em geral, podemos dizer que intelectuais são os homens que usam o intelecto para pensar. Qual o homem que se preze que não quer ser, neste sentido, intelectual?
Noutro sentido, o que trabalha com a mente tem um trabalho intelectual; o que trabalha com as mãos tem um trabalho manual. Mas esta noção, que foi muito importante noutros tempos, perdeu hoje todo o sentido. Hoje, todo o trabalho tem duas vertentes: - uma manual e outra intelectual e esta vai ganhando cada vez mais espaço, uma vez que o trabalho manual tende a ser substituído pelas máquinas. O próprio trabalho intelectual tende a ficar mais limitado na medida em que, por exemplo, os computadores vão invadindo os seus domínios.
Por isso mesmo e porque ainda, em grande medida, só se distribui dinheiro para pagamento do trabalho realizado, cada vez se recorre mais ao sector terciário (serviços: cultura, turismo, lazer, desporto,etc….) para arranjar novos empregos. O resto, em breve, está quase todo entregue às máquinas.
Sei que há intelectuais que são verdadeiros ratos de biblioteca, muito miudinhos, que, com o seu estudo, só complicam a vida de toda a gente.
Mas também sei que não há, no mundo mais avançado, indústria de ponta que não tenha uma equipa de estudiosos, pensadores, intelectuais, ao seu serviço.

Parece que estou a vislumbrar os intelectuais que são de excluir: são aqueles que nada fazem (pelo menos, manualmente), só pensam, mandam vir, e não são exemplo de quaisquer virtudes. Só pensam e, por isso, aborrecem os que não querem pensar. Alguns têm até muitos defeitos, embora possam raciocinar bem.
A mim parece-me, no entanto, que mesmo os que só pensam e até os que têm defeitos são de aproveitar precisamente pelo que produzem - o pensamento - que ganha autonomia e pode ter brilhantismo -independentemente das qualidades ou defeitos de quem o produziu.
Os intelectuais não têm que ser complicados: há-os simples, por vezes mesmo ignorantes, que têm ideias muito aproveitáveis.
E como a tolerância é um valor actual a respeitar, vamos saber conviver uns com os outros, os mais intelectuais e os menos intelectuais, porque todos somos necessários à sociedade e somos SERES HUMANOS.

João Lopes de Matos

7 comentários:

Anónimo disse...

Hum---
Sinceramente foi dos piores post´s que já si em toda a minha vida
Pergunto-me se haverá alguma coisa de jeito no meio desse entulho literário

Filipe

Anónimo disse...

"li"***(no lugar de "si")

Filipe

Anónimo disse...

Caro Filipe: Tem todo o direito de dizer o que diz. Só que não tem direito de se ficar por uma postura sobranceira: deve dizer as razões concretas porque chegou a essa conclusão.

vitorino almeida ventura disse...

Em primeiro lugar, discordo do meu bom amigo João Lopes de Matos sobre a postura sobranceira de Filipe... Parece-me que ele apenas achou «confusa» a exposição e se terá perdido no meio. O que não deixa de ser interessante, sendo a posição de JLM, como ele gosta de se ver (re)tratado, clara: só um pouco vaga de se ficar pelo abstracto, sem casos concretos. Mas isso é o que separa o íntimo do privado: com factos e nomes.

De todo o modo, penso que João Lopes de Matos tem marcado a agenda dos debates nos blogues locais... E este texto é dos melhores que lhe vi, pois desmistifica o novo diabo: a figura do intelectual, numa reencarnação do pensamento livre dos comunistas, invertidos e in... drogados, que devia ser bem acolhida, porque o pensamento sempre ajuda qualquer desenvolvimento... Pelo que esta opinião de João Lopes de Matos vai na defesa do discurso do outro: e que este (para lá das pessoas) sempre será aproveitável. Que todos temos um intelecto que não podemos dispensar. E quando queremos excluir o do Outro é, na perspectiva de Adler, por um tremendo complexo de inferioridade... Sobre o nosso próprio órgão.

vitorino almeida ventura

Teresa disse...

Caro JLM!

Como não sei por link's, deixo o endereço de um blog que visito com frequência sobre divulgação científica e não só, em especial este artigo sobre co-incineração, e que ilustra de forma assaz eloquente o trabalho de tantos intelectuais por esse país fora.

http://dererummundi.blogspot.com/2007/11/qumica-e-co-incinerao.html

Cumprimentos

Teresa Nascimento

Anónimo disse...

Caro JLM: Tenho sempre seguido com atenção os seus artigos neste blog.Considero que a sua participação o enriquece extraordináriamente. Todos temos aprendido a pensar consigo.Todos temos gostado de concordar ou discordar das suas opiniões. Na verdade, já não passamos sem este seu modo de questionar a vida. O comentário de Filipe prima pela deselegância. É, contudo, um bom exemplo de como funciona uma das tais cabeças não pensantes.Não será ignorado: o desagrado que provocou faz-nos desejar pertencer a esse tão incómodo "grupo dos intelectuais".

Anónimo disse...

Este post está SOBERBO !

Parabéns ao seu autor.

Vitor