quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Daqui e dali... Filipe Bragança

Mergulhei no vazio não sinto nada, em nada penso, todo o meu mundo abstracto se transformou numa enorme e fria nuvem de coisa nenhuma. Se olho em frente só vejo uma simples escuridão, se me oiço a mim próprio cai sobre meu corpo uma dura tempestade de pensamentos originada pela minha poderosa mente, se falo, os meus fúteis sons perdem-se na imensidão do mundo sonoro, ninguém me ouve ninguém me vê. Os meus pensamentos tornaram-se solitários, pobres e pessimistas.
Mas acredito que um dia a minha voz vai sobrepor-se às outras e que a mentalidade das pessoas irá crescer.
Sinto-me só neste mundo de ninguém, sinto diferente neste mundo de igualdade fingida.
Estou farto de ver pessoas que se queixam, que dizem que têm um problema quando o seu clube de futebol perde, que desesperam quando o computador decide ser um pouco mais lento. Estou farto de ver pessoas que não vivem, que se lamentam, que se odeiam que se vão arrastando pelas ruas do seu pessimismo medonho.
Fico feliz quando vejo que existem pessoas que pensam como eu, fico motivado quando sei que a originalidade e o bom sentido crítico dá os seus primeiros passos na reconquista de uma sociedade com mais força mental.
Tens razão quando dizes que as pessoas têm necessidade de se agarrar a algo, isso poderia ser bom se aquilo ao qual elas se agarram, as motiva-se para dinamizarem a sua vida.
Eu, assim como tu acredito que posso mudar o mundo através da minha opinião,mas para quê falar quando as palavras caem no esquecimento? O problema da nossa sociedade está na incapacidade de esta dar importância ás pequenas coisas ás pequenas vozes, enquanto estou a falar contigo conseguimos chegar a um acordo de ideias no entanto se falar com outra qualquer pessoa sou chamado de louco.
É muito difícil alterar a opinião de alguém se este alguém vive agarrado a um passado ou a uma tradição, eu movo-me porque me agarro ao sonho de marcar a diferença. Mas por enquanto continuaremos a ser os loucos “anormais” que tentam ser diferentes num mundo globalizado.
É muito difícil alterar a opinião de alguém se este alguém vive agarrado a um passado ou a uma tradição, eu movo-me porque me agarro ao sonho de marcar a diferença.
Mas por enquanto continuaremos a ser os loucos “anormais” que tentam ser diferentes num mundo globalizado.
Filipe Bragança

1 comentário:

vitorino almeida ventura disse...

Um bom texto - de uma voz que quer ser ouvida... A imagem inicial, do mergulho no vácuo é adequada à nossa angústia fundamental. Como dizia Heidegger, o homem é um ser para a morte...
Ser um louco anormal também é muito bom e produz uma identificação, no concelho, com os outros diabos: invertidos, ganzados e comunistas, agora substituídos pelo papão dos intelectuais... Os que pensam... E todo o pensar é lógicamente diferente. Ficar confortado por ver outros que pensam, seja numa diferença igual ou numa diferença diferente, passe o pleonasmo, conforta. Pois muito bem. Se os outros seguem o rebanho (imagem litúrgica), o problema é deles - e nem isso nos pode preocupar.
Continua!

Vitorino Almeida Ventura

Post Scriptum: Se puderes, revê duas ou três gralhas - nos às, faz atenção ao acento grave, e no imperfeito motivasse!