sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Daqui e dali... Manuel António Pina

Mãos sujas, alma limpa

Como sucede habitualmente quando, como agora, vêm a público os negócios sujos que, um pouco por todo o país, envolvem lixo e tratamento de resíduos, os envolvidos são quase sempre gente (empresários, autarcas, políticos…) lavada e educada, da do género que não entra em casa sem limpar cuidadosamente os pés.
O problema é não haver tapete de entrada onde se limpe a sujidade das mãos. De qualquer modo, quando os jornais conseguem enfim chegar à fala com eles, estão todos de consciência limpa. O lixo e o dinheiro são, com efeito, matérias com a singular propriedade de sujarem as mãos e raramente sujarem a consciência (e mais raramente ainda o cadastro, pelo menos entre nós, onde as leis penais e processuais penais lavam mais branco que em qualquer outra parte do mundo), de tal modo que o capítulo moral da democracia portuguesa que vier um dia a ser dedicado ao assunto não poderá deixar de levar o sugestivo título de "Mãos sujas, alma limpa". Não se percebe é que a PJ se dê a tanto trabalho para desvendar a "Face oculta" de tais negócios, se ela e o MP é que acabam sempre por sair sujos dos tribunais.

Manuel António Pina, JN
Público

2 comentários:

Anónimo disse...

No Sol online, pode ler-se: "No dia 5 de Junho, Vara perguntou a Godinho se já tinha solicitado uma reunião ao presidente da REFER, ao que o empresário respondeu negativamente. Informou-o que tinha ganho no Tribunal da Relação a acção da REFER, «ao que Armando Vara lhe disse ser melhor esperar pelo conhecimento público da decisão para agirem»."
online@sol.pt
É caso para meditar: - Então o Godinho, ganha em Tribunal a acção contra a Refer. Agora o MP condena o Godinho por ter ganho a acção ? Então e o Tribunal, também é corrupto? E o MP também pode ser, não é ? Ai que grande salada ....!

mario carvalho disse...

A Polícia Judiciária deteve, na sexta-feira, um engenheiro da câmara do porto que pediu 400 mil euros a uma empresa em troca de benefícios num concurso para manutenção e instalação de semáforos, situação que foi denunciada pela autarquia às autoridades.

Segundo fonte da PJ, citada pela agência Lusa, o chefe da divisão de intervenção na via pública, que foi apanhado em flagrante delito, pretendia beneficiar esta empresa de electrónica num concurso público numa verba total de 1,9 milhões de euros.

Ainda de acordo com esta fonte, o funcionário está indiciado pela prática de crime de corrupção passiva para acto ilícito após se terem obtido «provas inequívocas de que estava a ser praticado um acto de corrupção».

O arguido foi presente ao Tribunal de Instrução Criminal do Porto, que decidiu impedí-lo de continuar funções na autarquia e determinou que se apresente periodicamente às autoridades policiais até à data do julgamento.

Entretanto, o presidente da câmara do Porto confirmou que lhe chegaram dados que num concurso internacional lançado pela câmara de cerca de 3,9 milhões de euros que haveria um «dirigente da câmara do Porto que estava a receber 'luvas'».

«Da forma como me disseram e da forma como eu sabia e os dados que tinha, aquilo tinha bastante sustentabilidade e por isso falei logo com o Director Nacional da PJ logo a seguir às eleições», explicou Rui Rio à TSF.

O autarca adiantou ainda que a PJ destacou de imediato uma equipa para este caso e que, em cerca de três semanas, o assunto foi resolvido.


http://tsf.sapo.pt/PaginaInicial/Portugal/Interior.aspx?content_id=1406893

Comentario

Que sirva de exemplo

mario