Jorge Pelicano, realizador do filme/documentário “Ainda há pastores”, passou dois anos, entre montes e vales, a filmar a beleza do vale do Tua e as suas gentes. Filme vai ser exibido em Mirandela dia 14 de Novembro.
O documentário “Pare, Escute e Olhe”, que defende a preservação da linha do Tua, arrecadou seis prémios de cinema, no passado fim-de-semana, em dois festivais da sétima arte. Os prémios do Ambiente, da Lusofonia e a da Juventude, foram atribuídos pelo Cine’Eco 2009, que aconteceu em Seia. Com o mesmo documentário, o realizador foi também o grande vencedor do Doc Lisboa (Festival Internacional de Cinema) tendo recebido, no mesmo dia, os prémios de Melhor Longa-Metragem, Melhor Montagem e o Prémio Escolas. Em causa está uma obra, em que Jorge Pelicano dá conta das consequências que a paragem progressiva da Linha Ferroviária do Tua que liga Bragança a Mirandela causa às populações, com especial destaque para o despovoamento e a desertificação. Segundo Pelicano, o filme “é uma viagem por um Portugal profundo e esquecido, conduzida pela voz soberana de um povo inconformado, maior vítima de promessas incumpridas dos que juraram defender a terra”.
O documentário “Pare, Escute e Olhe”, que defende a preservação da linha do Tua, arrecadou seis prémios de cinema, no passado fim-de-semana, em dois festivais da sétima arte. Os prémios do Ambiente, da Lusofonia e a da Juventude, foram atribuídos pelo Cine’Eco 2009, que aconteceu em Seia. Com o mesmo documentário, o realizador foi também o grande vencedor do Doc Lisboa (Festival Internacional de Cinema) tendo recebido, no mesmo dia, os prémios de Melhor Longa-Metragem, Melhor Montagem e o Prémio Escolas. Em causa está uma obra, em que Jorge Pelicano dá conta das consequências que a paragem progressiva da Linha Ferroviária do Tua que liga Bragança a Mirandela causa às populações, com especial destaque para o despovoamento e a desertificação. Segundo Pelicano, o filme “é uma viagem por um Portugal profundo e esquecido, conduzida pela voz soberana de um povo inconformado, maior vítima de promessas incumpridas dos que juraram defender a terra”.
O repórter de imagem da SIC pretende, com esta película, “pôr os políticos a reflectir” sobre aquela via ferroviária. Muito satisfeito com os prémios, Jorge Pelicano considera que começa a sentir a recompensa da vivência proporcionada ao longo dos quase dois anos de filmagens na região transmontana, resumidos em uma hora e quarenta minutos de filme sobre a linha do Tua e da sua importância para quem vive na sua área de influência. “É verdade que o comboio não leva tanta gente” admite. “Por aquilo que nós assistimos, o metro leva, em média, cerca de 50 a 60 pessoas por dia” refere. “Mas aquilo que o filme mostra é porque é que o comboio tem pouca gente e a resposta é fácil” considera. “Ao logo deste últimos anos, o investimento que houve naquela linha-férrea e naquele comboio foi muito deficitário” justifica. Com este trabalho, Jorge Pelicano pretende claramente “dar voz” a quem depende daquela ferrovia e tentar ainda ir a tempo de parar a construção da barragem de Foz-Tua que vai inundar 16 quilómetros da linha, impedindo a circulação das carruagens.
O filme
Tendo a linha do Tua como fio condutor, entre Bragança e o Tua, “Pare, Escute, Olhe” comporta duas realidades: troço desactivado e o troço activo. No primeiro, o comboio já não circula, os autocarros que vieram substituir os comboios há muito que desapareceram, aldeias sem um único transporte público, isoladas. No troço activo, o anúncio da construção de uma barragem no Foz Tua, encaixada num património natural e ambiental único, ameaça o que resta da centenária linha. O documentário começa com um recuo temporal para ajudar a perceber as causas do despovoamento e as medidas tomadas em torno da questão da via-férrea do Tua: as promessas políticas, o encerramento da Linha do Tua entre Bragança e Mirandela (1991), o “roubo” das automotoras pela calada da noite (1992), o fim do serviço público dos transportes alternativos.
Quinze anos depois, em 2007, no troço desactivado, as aldeias estão isoladas e despovoadas. Durante os dois anos de filmagens (2007 a 2009), no troço activo, sucessivos acidentes, o anúncio da barragem, a incúria dos responsáveis na manutenção da linha, marcaram os acontecimentos.“Pare, Escute, Olhe”, é um documentário “interventivo e assume o ângulo do povo para traçar um retrato profundo de Trás-os-Montes”, conta o realizador. Por isso a história, não tem propriamente um personagem principal, mas vários: utilizadores assíduos do comboio que necessitam do transporte para ir ao médico ou simplesmente comprar um litro de leite, um activista defensor da linha, um escritor transmontano que nos conduz às entranhas do vale do Tua, um ex-ferroviário que vive numa estação activa, uma autêntico sabedor das notícias da região. A acção desenrola-se em Trás-os-Montes, Lisboa (centro de decisões do poder central) e Suíça, um bom exemplo de rentabilização e aproveitamento das vias-férreas para o turismo e serviço às populações. O documentário conta com uma banda sonora original da autoria de Manuel Faria, Frankie Chavez e Francisco Faria.
Jorge Pelicano avança que o filme vai estar em exibição na região transmontana, já no próximo mês de Novembro, com Mirandela a ser a primeira localidade da região a receber o filme sobre a linha do Tua, no dia 14.
Jorge Pelicano
Tem 32 anos, é natural da Figueira da Foz. Licenciado em Comunicação e Relações Públicas, frequenta actualmente o mestrado de Comunicação e Jornalismo, na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Profissionalmente, é repórter de imagem da SIC Televisão. “Ainda há pastores”, foi o seu primeiro filme documentário que, até ao momento, arrecadou 14 prémios nacionais e internacionais. Mensageiro
2 comentários:
Isto quer dizer alguma coisa! Mas há sempre quem priviligie o betão.
O documentário que agitou o Doc
Um filme - "Pare, Escute e Olhe", de Jorge Pelicano - e os três prémios que ganhou no DocLisboa abriram a polémica: está o festival de cinema documental contaminado pela televisão e a premiar um produto de TV?
http://cinecartaz.publico.pt/noticias.asp?id=244603
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