sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Secretária de Estado dos Transportes exige da EDP alternativa ferroviária para a Linha do Tua

A secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, mantém a posição defendida a 22 de Agosto de 2008 sobre a manutenção da Linha do Tua.

Numa resposta enviada ontem ao PÚBLICO, a governante reafirma que, "se for considerado imprescindível o encerramento do troço em causa [por causa da construção da nova barragem da EDP], deverão ser garantidas, pela concessionária, condições para a criação de uma variante ferroviária". Ou seja, a alternativa rodoviária proposta pela EDP não é solução.
"Nem pensar", foi a resposta dada por Ana Paula Vitorino naquele mesmo dia, poucas horas depois do último acidente ferroviário na Linha do Tua, quando confrontada com a possibilidade de o comboio deixar de circular entre esta estação e Mirandela. Na altura, a secretária de Estado afirmou que o comboio "é muito importante para a mobilidade da região". O PÚBLICO tentou ontem obter uma reacção da EDP à posição da governante, mas tal não foi possível.

De acordo com o estudo de impacte ambiental (EIA) do Empreendimento hidroeléctrico de Foz-Tua (EHFT), actualmente em fase de consulta pública, a centenária linha ferroviária será sempre submersa, seja qual for a cota que vier a ser aprovada. Em cima da mesa estão as cotas de 170 metros, 180 e 195. Com a cota maior, a linha será submersa em 31 quilómetros e desaparecerão nove apeadeiros. Se a barragem ficar a 180 metros, serão alagados 23 quilómetros de linha e sete apeadeiros. A cota mais baixa inundará 16 quilómetros de linha e quatro apeadeiros.

Assumindo como irreversível o fim da Linha do Tua, a EDP propõe como alternativa um serviço rodoviário. Outra solução, não prevista no estudo mas assumida pela EDP, seria levar os passageiros vindos do Douro até à barragem e, daqui, transportá-los de barco até à estação não submersa. "Isso não é nenhuma solução", insurge-se José Silvano, o presidente da Câmara de Mirandela. "Não há alternativa à Linha do Tua. O fim do comboio é terrível para a região."
Esta autarquia já aprovou uma deliberação contra o EIA, considerando-o "incompleto e perfeitamente desajustado da realidade", como disse ao PÚBLICO José Silvano. "É um estudo que engana as pessoas. Desde logo porque tem em atenção três cotas possíveis, mas não diz qual é a preferida da EDP", sustenta.

Segundo José Silvano, a EDP já manifestou a sua preferência pela cota mais baixa, porque acredita que, feita a análise custo/benefício, é a mais vantajosa. Terá que indemnizar menos pessoas e pagará menos ao Estado.
Só por ter ganho a concessão desta barragem, a EDP teve que pagar ao Estado 56 milhões de euros e este valor vai subindo de acordo com a cota, podendo atingir os 125 milhões de euros se o nível pleno de armazenamento for de 195 metros. A esta cota, a futura albufeira terá 39,5 quilómetros de comprimento e uma capacidade de armazenamento de 269,4 milhões de metros cúbicos de água, produzirá anualmente 350 gigawatts e o custo da obra ascenderá aos 320 milhões de euros. Com uma cota de 170 metros, a albufeira terá 31 quilómetros, a capacidade de armazenamento de água será de 156,2 milhões de metros cúbicos de água, a produção anual atingirá os 306 gigawatts e o custo da obra rondará os 282 milhões de euros. Público

5 comentários:

Anónimo disse...

Daniel Conde - Movimento Cívico pela Linha do Tua, Vinhais
Caro Armindo de Sousa; antes de soprar as velas, veja se desliga o piloto à TV, se não deixa luzes acesas e o PC todo o dia ligado, e se usa os transportes públicos. É que a maior factura energética do país vai direitinha para o transporte rodoviário e desperdícios domésticos. Mas Vila Pouca sempre tem ciclovia em vez de comboio, não é? O PNPOT - Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território, Lei nº 58/2007 de 4 de Setembro, é um documento que define um conjunto de objectivos estratégicos e um plano de acção para o território nacional. Neste, econtra-se um mapa onde a área da Barragem do Tua aparece marcada como em "perigo de movimento de massa" e em "troço de influência de ruptura de barragem". A magnífica contribuição de 0,5% de produção de energia desta verruga no Douro Vinhateiro Património da Humanidade tem portanto potencial para varrer do mapa tudo o que estiver a jusante: Pinhão, Régua, inúmeras aldeias e mais 3 barragens pelo caminho. Com menos potencial, o rebentamento da Barragem de Vega de Tera matou 145 pessoas em Espanha; porque pelo caminho só tinha a aldeia de Ribadelago, Sanábria. O próprio EIA reconhece que a barragem será um desastre para a região.
comentário no Publico

Anónimo disse...

Para Vila Flor e Murça Se fosse , hipotéticamente, aprovada a cota 170 como EDP pretende que é que vocês têm a ver com isso? A água práticamente não chega lá? Perdem é a Linha e todas as suas potencialidades de uma forma irreversível Carrazeda e Alijó perdem sempre seja qual for a cota.. perdem a linha e todo o seu património, perdem as vinhas , perdem os olivais perdem um ecossistema unico alteram um clima (aumento do nevoeiro e do mildio e oídio) termas unicas e sobretudo roubam ou deixam roubar aos nossos filhos e netos aquilo porque os nossos antepassados tanto lutaram... Assim, serão considerados pelas gerações futuras : Ingénuos ou ladrões

Anónimo disse...

Estudo ambiental da barragem do Tua prevê alternativa rodoviária e contradiz Governo
05.02.2009
Pedro Garcias

Horas após o último acidente na Linha do Tua, no passado dia 22 de Agosto, a secretária de Estado dos Transportes e Mobilidade, Ana Paula Vitorino, garantiu que aquele troço ferroviário iria continuar, mal fossem repostas as condições de segurança. Nem mesmo a construção da futura barragem do Tua acabaria com o comboio naquele vale, pois o promotor da obra, a EDP, "teria que encontrar uma alternativa ferroviária", assegurou a governante.

Mas o Estudo de Impacte Ambiental (EIA) do futuro Empreendimento Hidroeléctrico de Foz-Tua (EHFT), actualmente em fase de consulta pública, apenas prevê uma alternativa rodoviária à submersão da linha ferroviária actual. Para compensar o fim do comboio, a EDP propõe a construção de um pequeno museu (ver caixa).

Qualquer uma das três cotas da barragem que estão em estudo leva ao fim do traçado actual da Linha do Tua. Com o nível de armazenamento pleno (NPA) de 195 metros, o mais alto e também o mais rentável para a EDP, a linha será submersa em 31 quilómetros, com as águas a alagarem nove apeadeiros. Para um NPA de 180 metros, desaparecem 23 quilómetros de linha e sete apeadeiros. A cota mais baixa, 170 metros, inundará 16 quilómetros de linha e quatro apeadeiros. Como alternativa para o fim da linha, a EDP propõe um serviço rodoviário baseado em autocarros e em viaturas de pequena dimensão para as localidades mais isoladas a funcionar entre a estação do Tua e a última estação ferroviária não submersa - à cota máxima, será a do Cachão, a 13 quilómetros de Mirandela.

Mesmo antes de a albufeira começar a encher, a linha terá que ser cortada entre a estação do Tua, onde entronca na Linha do Douro, e o apeadeiro de Tralhariz, para a realização dos estudos e trabalhos geológicos e geotécnicos necessários à elaboração do projecto.

Neste cenário, e como a linha se encontra encerrada até que sejam realizados todos os estudos e trabalhos de reparação da actual plataforma, cujas más condições contribuíram para o último descarrilamento, não é de excluir que as ligações ferroviárias entre o Douro e o vale do Tua não voltem a ser retomadas.

A construção de uma nova via ferroviária teria um custo incomportável e apenas a autarquia de Mirandela está verdadeiramente empenhada na manutenção da linha. Além de que a elevação da cota da linha inviabilizaria qualquer ligação com a Linha do Douro. Resumindo: o comboio só deverá continuará a apitar no vale do Tua se a barragem não avançar.

Os argumentos a favor da construção do EHFT enquadram-se na estratégia energética do Governo.

Como é sublinhado no EIA, a barragem "contribui, de forma directa, para a produção de energia limpa através de um recurso renovável e, de forma indirecta, (...) para a utilização da potência eólica instalada, ao mesmo tempo que presta um importante serviço para aumentar a segurança de abastecimento energético e para reduzir a emissão de gases". Para a EDP, é uma barragem fundamental, porque pode tirar partido da cascata de barragens que possui a jusante e rentabilizar ainda mais os parques eólicos que possui no Marão.

O custo principal é a destruição de uma das mais belas linhas ferroviárias nacionais, que, pela beleza do percurso e pelo gigantismo técnico da sua construção, teria sido possível candidatar, em devido tempo, a património mundial. Outros impactes negativos, caso prevaleça a cota máxima, serão, por exemplo, a submersão de perto de 100 hectares de vinha, que incluem a Quinta da Brunheda e a Quinta da Azenha das Três Rodas, a perda das captações de água de Sobreira e Barcel e a destruição das Caldas de Carlão e respectivos anexos, de dois edifícios em São Lourenço, um em Barcel e mais 56 edifícios. Será também submersa a ponte da Ribeira de Milhais e cortadas algumas ligações rodoviárias entre as estradas municipais. No EIA, é reconhecido que ocorrerão "impactes muitos negativos ao nível da agricultura e agro-indústria, com repercussões também muito negativas ao nível do emprego e dos movimentos e estrutura da população". "Isto porque", pode ler-se, "serão alagadas áreas onde a actividade vitivinícola é responsável pela presença de uma comunidade jovem, por exemplo nas freguesias de Candedo, Pinhal do Norte e Pereiros".

A opção pela cota mais baixa permitirá salvar a Quinta da Brunheda e também as Caldas de Carlão, no concelho de Alijó. Já as Termas de São Lourenço não serão afectadas, podendo mesmo beneficiar da barragem.


PUblico 05 02

Anónimo disse...

Pergunta ao amigo Conde:

e é com políticos como os destas municipalidades que contam dirigir a
região autónoma de Trás-os-Montes?

Há alguma diferença entre eles e qualquer governo destes últimos vinte
anos?

Acho que até há mais tacanhez. Mais miopia, mais provincianismo
(contentam-se com migalhas como outros se contentavam com missangas há
séculos).

Enfim, eu não vivo aí, e quem faz a cama, nela se deita.

Tito Livio

Anónimo disse...

Ingénuos ou Ladrões?

será que quiz dizer Ingénios?