quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Barragem acaba com quatro quilómetros da Linha ainda antes de encher

Os primeiros quilómetros da Linha do Tua serão "definitivamente" desactivados ainda antes da construção da Barragem de Foz Tua, se o Estudo de Impacte Ambiental (EIA) for aprovado, segundo o próprio documento.
O Estudo, que se encontra disponível para consulta na Internet, nomeadamente no sítio da EDP, concessionária da obra, indica que se procederá à interrupção "definitiva" de quatro quilómetros no troço inicial da Linha, logo após a emissão da Declaração de Impacte Ambiental (DIA).
"O desenvolvimento do Aproveitamento Hidroeléctrico de Foz Tua implica a interrupção da Linha do Tua, numa primeira fase, logo apôs a emissão da Declaração de Impacte Ambiental, no troço inicial, entre a estação do Tua e o apeadeiro de Tralhariz (aproximadamente quatro quilómetros) para a realização da campanha de prospecção geológico-geotécnica na margem esquerda necessária para a elaboração do projecto", refere o documento.
"Esta interrupção neste troço, por questões de segurança, será definitiva", acrescenta. (...)
Rádio Ansiães

6 comentários:

Anónimo disse...

A construção de uma nova via-férrea no Tua pode custar entre 30 e 300 milhões de euros.O investimento pode por isso ser superior à própria construção da barragem.As contas são feitas por vários especialistas ouvidos pelo Jornal Público.


A EDP diz que uma nova linha ferroviária no Tua, ao nível da quota da barragem que quer construir, custaria 150 milhões de euros. O custo da albufeira está estimado em 200 milhões de euros. A REFER não quis dizer ao jornal diário quanto custaria uma variante à Linha do Tua, porque não seria "oportuno" falar do assunto.Mas dois técnicos da empresa aceitaram falar sob anonimato. Um estimou em 90 milhões de euros a construção de uma via estreita de 31 quilómetros com travessas de betão e carril de 54 quilos por metro, com sinalização electrónica, contenções geotécnicas, muros de suporte e edifícios para passageiros. Metade desse valor, porém, seria gasto para vencer um desnível de 200 metros entre a estação do Tua e a cota da barragem, o que poderia implicar um sinuoso traçado de oito quilómetros. Outro falou em 40 milhões de euros, tendo em conta que uma via estreita se adapta bem ao terreno e que a própria EDP terá de fazer vários caminhos de acesso à barragem durante as obras, alguns dos quais poderão ser aproveitados para neles se instalar os carris. Um terceiro quadro da REFER referiu que uma solução técnica possível para os primeiros quilómetros da variante seria um caminho-de-ferro de cremalheira, no qual os comboios têm uma roda dentada que "agarra" um trilho situado no meio dos carris. Um valor bem mais elevado - entre 275 e 300 milhões de euros - é apresentado por Manuel Tão, investigador em Economia de Transportes.Mas neste caso a proposta é mais ousada, pois este especialista sugere uma linha de via larga com parâmetros de velocidade entre os 100 e 120 km/hora que fariam diminuir o tempo de viagem entre Mirandela e o Tua de uma hora e meia para 30 ou 40 minutos.Sugere um túnel entre a estação do Tua e a zona planáltica, a partir da qual a linha seguiria até Abreiro retomando o traçado actual.
Esta proposta poderia permitir o prolongamento da linha de Mirandela até Bragança e daí a Puebla de Sanabria, onde está prevista uma estação do TGV que ligará a Galiza a França, Madrid e Barcelona.



Escrito por Brigantia

Anónimo disse...

Fala-se tanto no aproveitamento (desaproveitamento) turístico da linha (vale) do Tua que,
a ser construída a barragem porque não fazer o transporte de passageiros e turistas por via maritima até onde for possível e daí até Mirandela aproveitar a linha actual mas remodelada e com veículos de qualidade e segurança credíveis.
Julgo que seria funcional para quem necessita de fazer aquele trajecto e uma mais valia para o turismo desde logo porque são utilizados dois tipos de transporte cujo curso seria (será?)acompanhado por uma paisagem diferente da actual mas igualmente bela.

Anónimo disse...

Ola e viva a todos. Aqui vai um video que encontrei no youtube

Intervenção da deputada Helena Pinto do BE

http://www.youtube.com/watch?v=IoWBFt7uyXo

linha do tua

Anónimo disse...

Tua: Verdes levam classificação da linha como Património de Interesse Nacional à Assembleia da República

Bragança, 20 Fev (Lusa) - A classificação da linha do Tua como Património de Interesse Nacional vai ser discutida a 05 de Março na Assembleia da República por iniciativa dos" Verdes", divulgou hoje o partido.

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Em discussão e votação vai estar um Projecto de Resolução do Grupo Parlamentar daquele partido que recomenda ao Governo que desencadeie o processo de classificação da Linha Ferroviária do Tua como Património de Interessa Nacional.

Em comunicado, o partido que tem assumido a defesa desta ferrovia contra a construção da barragem de Foz Tua, refere esperar "um debate sério sobre esta matéria e a consequente aprovação deste Projecto de Resolução por todas as bancadas parlamentares".

Para "Os Verdes", "a Linha do Tua é uma peça fundamental do património português, não só pelo papel essencial que desempenhou na História mas também pelo deslumbramento que proporciona a quem a utiliza".

"É uma obra-prima única e sem equivalente do nosso património ferroviário, ocupando um lugar relevante no Património Industrial que é cada vez mais valorizado a nível mundial", sustenta.

O partido ecologista considera ainda que "é de fundamental importância reconhecer e valorizar a paisagem constituída pelo vale e pela linha do Tua, potencializar este património natural e cultural e integrá-lo num conjunto de património já classificado, o das gravuras de Foz Côa e o Douro Vinhateiro".

"Classificá-lo como Património de Interesse Nacional é urgente como forma de promover um desenvolvimento sustentado da região, compatível com os compromissos assumidos no quadro da UNESCO", conclui.

HFI.

mario carvalho disse...

Publico de seguida um texto imprescindível de António Maria (http://o-antonio-maria.blogspot.com/):
A pandilha de Macau está a dirigir-se ao país como o Ali Babá e os 40 ladrões. O vale do Tua tem 30 km de Zona Demarcada do Douro que ficará debaixo de água se a barragem for consumada.
Estive a conversar com um engenheiro construtor de barragens e especialista em energia, que por razões da óbvia necessidade de protecção da fonte, num país dirigido por piratas que usam e abusam do ministério público, dos serviços de informação da república e das polícias para prosseguirem os seus fins corruptos, não divulgo. A conversa girou em volta deste artigo. Passo a resumir os argumentos mais importantes:
1) Há um verdadeiro assalto aos rios portugueses (sobretudo aos afluentes ainda intactos dos grandes rios Douro, Tejo e Guadiana) programado pela EDP e pela Iberdrola —a irmã espanhola da EDP dirigida no nosso país por um traidor chamado Pina Moura—, com os préstimos do Pepe rápido de Freeport, colocado onde está pela tríade de Macau.
2) Os ventos, imprescindíveis à energia eólica, são variáveis e oscilantes, e essa variabilidade não está coordenada com o consumo da energia eléctrica.
À noite há vento, mas não há consumo eléctrico ou são comparativamente baixos e pouco rentáveis na perspectiva das empresas que nos vendem a energia, pelo que Portugal importa energia vendida pelas centrais nucleares francesas ao preço da uva mijona.
E de dia, quando se dão os picos de consumo (que a EDP vende a preços exorbitantes), o vento sopra onde quer e quando quer, pelo que centenas ou mesmo milhares de ventoinhas eólicas estão frequentemente paradas, como qualquer um de nós já teve oportunidade constatar.
Ora é precisamente nos picos de consumo que a EDP e a Iberdrola mais precisam de energia gerada no nosso país. É durante estes picos que estas empresas puxam ao máximo pelos preços, contribuindo, também por esta via, para a reconhecida falta de produtividade da economia portuguesa!
Ao coalharem o país de ventoinhas (em vez de terem planeado a coisa de modo progressivo e sustentável), para suprirem a capacidade de geração da centrais hidroeléctricas, precisamente durante o dia e sobretudo nas horas de ponta, esqueceram-se de avaliar correctamente a variabilidade e oscilação dos ventos, pelo que, depois de terem investido milhares de milhões de euros nas ditas ventoinhas (oriundos nomeadamente dos mercados financeiros especulativos), descobriram que o débito das mesmas é criticamente imprevisível e não chega para as encomendas! Ou seja, a peneira desenhada para colher as pepitas douradas dos picos de consumo energético, não consegue cumprir os objectivos anunciados — nomeadamente aos accionistas e especuladores que investiram nos cartéis energéticos de todo o mundo, nomeadamente em Portugal.
Daqui a necessidade de um plano urgente de novas barragens, com grupos reversíveis — i.e que permitem forçar a água que move as turbinas regressar de novo às albufeiras —, situadas nos afluentes dos grandes rios portugueses, e cujo principal objectivo é suprir a grande e escandalosa falha do programa eólico nacional.
As novas barragens têm como principal objectivo produzir a energia prometida pelas ventoinhas que infestam o país, por vezes em zonas onde nunca deveriam ter sido colocadas. Ou seja, em vez de se correr com o incompetente e arrogante Mexia da EDP, temos que ouvir este capataz do Bloco Central dizer que quer corrigir os erros crassos de que é responsável à custa de toda a espécie de ilegalidades e sobretudo da destruição de patrimónios e recursos insubstituíveis! Em nome de quê devemos aturar esta criatura indecente e medíocre?
Para construir a barragem do Tua privam-se as populações do direito constitucional de conservar uma ligação ferroviária à rede nacional (a Linha do Tua) - sem restabelecimento possível, no caso de a inundação do vale do rio Tua se consumar. Para construir as barragens do Tua, Sabor, Fridão, etc..., ameaçam-se populações (se for construída a barragen do Fridão, e um dia houver um azar, e o paredão da barragem ruir, a cidade de Amarante ficará submersa!), destroem-se habitats insubstituíveis, eliminam-se paisagens únicas, e depois, o emprego temporariamente criado evapora-se, e ficam apenas barreiras físicas e corporativas ao desenvolvimento local.
Ninguém pesca, perde-se o direito à água que sempre fora público, ninguém navega — em suma, deixa-se que empresas privadas sem controlo e prepotentes realizem uma autêntica conquista económica e física de uma parte crucial do território nacional.
Douro e Trás-os-Montes, ao contrário do que se julga, não são pobres.
Pobre é a maioria da gente que lá vive! Mas daquele vale do ouro (daquele rio Douro) vem boa parte da riqueza nacional. Sob a forma do vinho e azeite que todos conhecemos e apreciamos, mas ainda mais como boa parte da água e da energia eléctrica que alimentam as grandes cidades-região de Lisboa e Porto! Ou seja, rios que correm em Portugal, sobretudo o rio Douro e seus afluentes, são hoje muito mais valiosos que o ouro que já não temos! Como foi possível deixarmos avançar as abutres da globalização neo-liberal por tamanha riqueza dentro?
É preciso renacionalizar a EDP quanto antes!
E é preciso restringir claramente os direitos das empresas privadas envolvidas na exploração dos recursos hídricos e energéticos nacionais. EDP, Iberdrola, Endesa, etc. não podem continuar a comportar-se como assassinos ecológicos e salteadores impunes da água e das energias renováveis dos países por onde andam. Há que reverter o processo pulha que conduziu à privatização destas outrora empresas públicas dos dois países ibéricos. -- OAM

Publicada por Jose Silva em 10:45 1 comentários


Excelente artigo em Norteamos
http://norteamos.blogspot.com/

mario carvalho disse...

http://o-antonio-maria.blogspot.com/

Antonio Mexia
questionou hoje o interesse de uma alternativa ferroviária à linha do Tua por entender que, com a construção da barragem, a ferrovia perde o seu principal atractivo que é a paisagem.

O que este Mexia cínico não diz a ninguém é que o plano de barragens em curso, que o expedito Pepe rápido da Freeport despachará à velocidade da luz, perante a hesitação de Manuela Ferreira Leite e Cavaco Silva, serve apenas para encobrir o fracasso das eólicas, cujo rendimento energético é um verdadeiro flop!

Quando os americanos e a Merrill Lynch souberem da marosca, lá se vai o optimismo caseiro fabricado pela EDP (1).

A variabilidade e inconstância dos ventos, subavaliadas nos estudos aldrabados que justificaram os vultuosos investimentos na energia eólica portuguesa, não permitem atingir a produção energética prometida aos investidores e ao país. Para compensar há então que construir num instantinho (para isso serve o Pepe rápido da Freeport) 11 novas barragens, já que a capacidade de compensação das centrais hidroeléctricas existentes é insuficiente para atingir a quantidade de mega Watts prometida e esperada. Se fossem substituídas as turbinas envelhecidas das actuais centrais hidroeléctricas por turbinas mais eficientes, haveria compensação, mas ao que parece insuficiente, e sobretudo longe dos parques eólicos construídos e em construção.

Trata-se pois de fazer barragens para enganar os accionistas da EDP, e para vender energia a preços leoninos —i.e. de cartel— aos incautos portugueses.

Sabiam os portugueses que a energia que consomem à noite é de origem nuclear, vem de França, e é vendida a Portugal ao preço da chuva, quer dizer, abaixo do preço de custo? Paga-se, porém, esta energia nocturna a preços comparativamente elevados face ao que realmente custa, engordando ilegitimamente as margens de comercialização dum bem essencial que, como tal, deveria ter preços regulados, em vez da corrupta fantochada de livre concorrência que os neoliberais de Bruxelas (a começar por Durão Barroso) andaram a impingir à Europa nas últimas duas décadas.

A falência óbvia da União Europeia face à China e à generalidade dos países emergentes, onde os recursos energéticos, naturais e financeiros estão obviamente nacionalizados, deve servir-nos de lição. E sobretudo deve servir para travarmos colectivamente a inércia especulativa que persiste nas entranhas da tríade de piratas neoliberais que tomou conta do PS (representado pelo cada vez mais insuportável Pinóquio de Freeport), exigindo a renacionalização dos principais recursos naturais, energéticos e financeiros estratégicos do país.

As minas de ouro que são as bacias do Douro e do Tejo, i.e. os rios que dão água e energia eléctrica a mais de 80% das grandes cidades-região de Lisboa e Porto, não podem estar na mão de especuladores, nem à mercê duma qualquer falência que possa comprometer a independência nacional em matéria de água e energia eléctrica.

Não é um qualquer Mexia de trazer por casa que pode atemorizar uma Secretária de Estado, e muito menos a democracia!

Outro objectivo não declarado da EDP do cínico Mexia (um imbecil chapado) é a apropriação privada dum bem comum: a água! Ou seja, os piratas da EDP e da Iberdrola pretendem pura e simplesmente tomar conta de duas verdadeiras minas de ouro situadas nas duas principais bacias hidrográficas nacionais: a água e a energia eléctrica.

Muito mais do que pelo assassínio de paisagens, que alegremente estão dispostos a cometer, esta gentalha tem que ser posta no sítio pelo perigo que representa para a independência e autonomia nacionais. A sua lógica de submissão canina à falida globalização neoliberal é de facto uma ameaça que deve ser debelada quanto antes.

Que José Freeport se passeie de braço dado com os ex-ministros portugueses ao serviço das privatizadas Iberdrola e EDP (2) é toda uma lição de promiscuidade entre a política e os negócios, de reiteração de um modelo neoliberal ultrapassado que tem quer rapidamente revisto, e mesmo de traição pura e simples aos óbvios interesses portugueses no que se refere ao absoluto controlo das nossas principais reservas estratégicas: água, energia, território e mar.


NOTAS

17-02-2009 (Económico) "A energética liderada por Ana Maria Fernandes (na foto) é a acção preferida do Merrill Lynch para o sector das Renováveis."

"Na opinião dos analistas do banco norte-americano, a acção da quarta maior eólica do mundo está "a ser castigada por um ‘outlook' incerto relativamente ao investimento", sendo que o Merrill Lynch espera que a administração clarifique a situação na apresentação dos resultados, marcada para 26 de Fevereiro."


Hoje de manhã José Sócrates andou de braço dado com o presidente da EDP —o dito Mexia, ex-boy do PSD— arengando que a nova barragem (que destruirá o rio Sabor) é uma oportunidade de emprego e de progresso para o país. Acontece que a EDP, hoje uma empresa privada, está envolvida em três processos judiciais sobre a legitimidade de prosseguir com a barragem que destruirá, para nada, uma paisagem única e habitats protegidos por lei. Manda a lei e a decência que o primeiro ministro se mantivesse equidistante dos contendores, neste caso, a EDP e a Liga de Protecção da Natureza. Mas não, o homem por detrás do primeiro ministro é um facilitador nato. Está-se nas tintas para a lei e para a decência. E o resultado é este: andar de braço dado com o pirata-mor da EDP. Como amanhã andará de braço dado com o pirata-mor e traidor Pina Moura —lacaio da Ibertrola. Uma desgraça que merece, cada vez mais, uma inadiável revolta de cidadania.