Poderia intitular este artigo doutra maneira: "O actual Presidente da Câmara, eu e Carrazeda". Mas a redacção do título é propositada sem a palavra "actual". Quero ver mais a função que a pessoa. Quero ter o direito de fazer apreciações ao desempenho do cargo e tomar posição mais sobre os problemas e soluções do que sobre a pessoa, que eu quero respeitar. Como, aliás, devo respeitar a instituição "Câmara".
A minha postura, aliás, sobre Carrazeda é simples: - sou um reformado, já com alguma idade(cerca de 70 anos), tenho a sorte de ter uma boa reforma, que me permite não ter que me candidatar a nada e me permite ajudar os meus filhos, no que não faço mais que a minha obrigação, até porque a vida não está nada fácil para os mais novos.
Durante a minha vida, li muito, pensei muito, errei muito, acertei pouco e ganhei gosto pela discussão aberta dos problemas. Tentei cuidar da minha escrita e da minha fala de modo a não ofender ninguém, sem deixar de dizer aquilo que acho que deve ser dito.
Procurei também adquirir algum sentido de humor, para não levar a vida exageradamente a sério.
Ultimamente, ganhei alguma coragem para me expor e expor as minhas ideias (sempre prontas a serem alteradas se a isso os outros me convencerem).
Acredito, actualmente, numa sociedade aberta, em que as pessoas defendam os seus pensamentos de forma não violenta. Acredito que as soluções hão-de resultar do entrechoque das opiniões e que a luta verbal ou escrita é absolutamente indispensável a termos uma sociedade participada, dinâmica, activa, crítica. Respeitando-nos uns aos outros, claro.
Quanto ao sr. Presidente da Câmara, acho que ele teve uma formação muito ligada (desde cerca de 1960) às câmaras. E isso tem o seu lado positivo (experiência) e o seu lado negativo (ver os problemas sobretudo pelo lado de dentro e o perigo de parar no tempo, na adopção das soluções).
Fez (ou tentou fazer) algumas coisas para o concelho. E julgo que seria ele o primeiro a sentir orgulho em ter conseguido que Carrazeda não se atrasasse, como a generalidade dos concelhos do interior. Só que isso é uma tarefa árdua, ciclópica, não fácil de atingir.
Durante muito tempo, houve que dotar o concelho de infra-estruturas mínimas e, para nós, que nascemos na década de 40, só o abrir uma fraca estrada, inaugurar uma fonte ou uma ponte, era um feito notável.
Mas as coisas alteraram-se imenso. Afinal, sonhos como a biblioteca, o centro cívico, o centro de apoio rural, as piscinas, etc., etc., que pareciam grandes obras, reduzem-se a quase nada, porque se transformam em obras de fachada, não usadas. Parece que pouca gente se deu conta que tudo o que se possa fazer não é nada se não tivermos gente (e gente participativa, não gente que, como a de outros tempos, olha para as obras como algo que é só para ver e não põe sequer a hipótese de um uso (o maior e melhor possível) em prol de todos.
Nalguma medida, o sr. Presidente da Câmara foi, como quase todos nós, vencido pelas mudanças não previstas.
Não é fácil o que se apresenta pela frente: temos (ou teremos em breve) boas estradas, acesso a serviços de saúde, locais para prática de desporto e diversos entretenimentos e não temos gente.
E sabemos que o desenvolvimento que se conseguir para o interior já não irá respeitar a divisão administrativa que existe. As pessoas já não irão residir nos lugares em que têm residido até agora.
Estamos nós preparados para isso?
Eu, pela minha parte, apenas quero dar uma modesta contribuição para o encontrar das soluções que olhem para a frente.
Não quero mais que dar opiniões e sugestões ou apresentar soluções. Mas não pretendo ser eu a implementar as obras: - isso pertence, de direito, a gente mais nova.
João Lopes de Matos
3 comentários:
"O Presidente da Câmara, eu e Carrazeda"
Assim escreve ( e muito bem) JLM no artigo que antecede e que, como não podia deixar de ser, merece o meu simples e modesto comentário.
Afinal é cousa pública!
O desempenho do cargo de timoneiro e a nossa Câmara Municipal, deve ser, antes do cidadão propriamente dito, o objectivo que nos conduza às apreciações por bem entendidas.
Mas só isto não chega!
Por vezes não é fácil, pois há sempre a tendência para observarmos uma pessoa que num meio como o nosso, nos é mais ou menos próxima.
Todavia com um pouco de humor propositado e comedido, a "coisa" ultrapassa-se!
Porque se tratou de pessoa desde muito cedo ligada às dinâmicas Municipais, equilatava-se então da indiscutibilidade na ocupação do cargo desde que resolveu radicar-se em Carrazeda.
Quanto a mim, desde logo disse que dado o percurso na Ilha, (pouca gente o sabia) se tratava de uma aposta nem ousada nem tímida, porquanto foi desde logo a reboque do Dr. A. J. R. Sampaio, qual fracasso, qual desastre maior que a este concelho poderia ter acontecido!
Esse foi o período mais negro que este concelho viveu e, no entanto, ninguém fala nele!
Foi esse período, no qual Eugénio de Castro sustentabilizou a sua segunda estadia autárquica em Carrazeda, que lhe deu para tudo.
Governava, mas não era ele!
Mandava, ou não, mas não era ele!
Nada fazia, mas a prática política do quanto pior, melhor, assentava bem na sua função!
Sabia então que 4 anos passavam rápido!
A infelicidade do seu Presidente, quando sofreu um ataque de coração, foi (mais uma vez) "mel que lhe caíu na sopa".
Não havia segundo mandato para Sampaio!
Eugénio tinha o caminho aberto para estes todos anos de fracassos continuados!
Nunca ninguém percebeu e parece que ninguém se interroga porque razão é que desde 1989, com tantos governos da área dos eleitos (PSD), Sampaio primeiro e depois E.Castro, nem sequer aproveitaram a onda DR. GAMA de Mirandela, para que fosse sustentabilizada uma política de desenvolvimento para Carrazeda.
Isto quer dizer a todos os Carrazedenses que o realizado foi mau e muito pouco!
O dinheiro desbaratado foi tanto que acabou por nos colocar numa situação financeira caótica!
Pessoalmente nada me move contra quem quer seja, mas caros amigos, há muitas respostas e justificações por dar!
Não me conformarei NUNCA, porque o nosso concelho está numa situação impensável e os prejudicados são os nossos filhos, os nossos netos e vindouros!
Certamente que outros virão, sendo preciso que estes alertas digam aos que aí vêm que há haver alguém atento, que tudo fará para não permitir mais e tais prepotências!
Obs:- O tema não se esgotará por aqui, creio!
M. Lameiras
Aos Carrazedenses, pensem naqueles que nunca mais nada fizeram do que aproveitarem-se das posições politicas que lhes deram dinheiro para agora terem uma muito boa vida, agora o que lhes falta é seriedade e verdade, pois se a tivessem tido enquanto responsáveis autárquicos, este concelho não estava assim, lhes garanto.
M.Carvalho
Pois eu lamento que o Presidente da Camara não se volte a candidatar, mas com mudanças profundas na equipa de trabalho, só assim iríamos longe... precisava de se ver livre daqueles que o têm rodeado, pouco fiéis e fiáveis. Um abraço de alguém que lhe é fiel e que o respeita.
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