Vou revelar-vos uma escuta de uma conversa telefónica havida entre um ministro (não se sabe bem se é o do Interior se o da Agricultura) e o São Pedro, que aparecem aqui com a letra M. (o ministro, porque não sabemos qual dos dois é, embora se saiba, de fonte segura que foi um dos indicados) e as letras S.P. (o São Pedro).
M. - Está, São Pedro?
S.P. - Estou. Mas não conheço a tua fala, a tua voz não me é familiar. Costumas rezar?M. - Sim. Mas adormeço rápido e cansa-me estar sempre a repetir a mesma coisa.
S.P. - Deixa lá, não é por isso que não falo contigo. Aqui, entre nós, estou já um tanto farto de rezas. E, sabes, Ele ainda está mais. Mas as pessoas convenceram-se que nós gostamos.
M. - Às vezes também vou à missa…
S.P. - Não me fales em missas. Isso ainda me cansa mais. Nas missas, em vez de falarem normalmente, dizem as coisas cantando, mas de uma maneira que nem é falar nem é cantar.
M. - Eu queria pedir-vos um favor - que mandásseis chuva para evitar os incêndios.
S.P. - Mas vós não limpais à volta das casas e não limpais as florestas mais importantes? O resto, o que for mato, deixai arder.
M. - Mas as pessoas gostam de ter as casas rodeadas de vegetação, as florestas já não são limpas pelas mateiras como antes e eu não sei como hei-de resolver o problema a não ser com chuva.
S.P. - Compreendo, com a vossa mania de descobrirdes coisas novas, estragastes o equilíbrio que estava instituído.
M. - Temos muito medo que nos aconteça o que parece que vai acontecer aos gregos, que se verão gregos para apagar os fogos que terão.
S.P. - Com isso não te aflijas. O vosso povo é católico, o outro é ortodoxo.
M. - Mas eles também acreditam em Deus…
S.P. - Sim, mas eles ainda querem ser mais papistas que o Papa. Julgam serem mais importantes que nós! Vê lá tu se o nosso Papa não se veste muito melhor que o patriarca deles?
M. - Mas Cristo vestia normalmente…
S.P. - Mas Esse foi o enviado de Deus. Deus gosta muito de uma certa modéstia. Mas comigo não é assim. Alguns até defendem que o Papa devia vestir como o presidente dos E.U.A.. Estão malucos. O Papa vestir à Texas! O Papa, verdadeiramente, é mais meu representante que representante de Deus. E eu não quero que a instituição por mim iniciada exista de qualquer maneira.
M. - Mas há santos que foram humildes: - São Francisco de Assis…
S.P. - Não confundas os santos com a Igreja. Aqueles podem e devem ser pobres, esta não.
M. - Mas o que eu queria é que me resolvêsseis o problema dos incêndios.
S.P. - Resolvo, com uma condição, porém: A de haver, pelo menos, um puro que o justifique. Um puro do Governo, claro.
M. - Onde vou eu encontrar um governante puro? - Não conheço nenhum.
S.P. - E tu achas que assim, sem mais nem menos, eu te fazia um milagre? Os americanos já disseram que este verão vai ser especialmente quente. A natureza já está preparada para mandar vir muito calor e eu vou mudar as leis da natureza assim sem mais nem para quê. Desenrasca-te.
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O verão veio particularmente fresco, houve poucos incêndios. Os gregos apanharam uma caloraça tremenda. Tudo correu bem. São Pedro fez-nos o que lhe foi pedido. Pensei, muitas vezes, qual foi o governante puro que convenceu São Pedro.
Um dia destes, porém, estava eu, em frente da televisão, vi o nosso primeiro-ministro a persignar-se (benzer-se). E então percebi logo: - foi graças a este "Puro de Coração" que nós, este ano, nos livrámos do inferno dos incêndios.
João Lopes de Matos
8 comentários:
Estou admirado, não sabia que tinha tanta imaginação?! Embora o conteúdo possa ser discutível, temos de convir que está bem delineado e S. Pedro, por certo, não se ofendeu, porque ele sabe desculpar estas jocosidades.
Eu até admiro o homem (Sócrates).
Reconheço que o que fez era necessário e mais o que estará para vir.
Quem não admira o homem também tem a consciência da necessidade das reformas que faz mas como a cor é quem mais ordena aproveita para o atacar.
Com este pensamento que andou a fazer Cavaco, Guterres, Durão, Santana ?????? adiaram, adiaram, adiaram. Um dia tínhamos que pagar as favas ao dono.
A batata quente foi parar à mão do "fisósofo" sim porque parece que não é engenheiro...
E depois também não entendo este povo. Dá-lhe novamente maioria e quase absoluta.
De três uma: ou o povo é masoquista, ou interiorizou este mal necessário ou então anda a tolo.
Não percebo!
Eu até poderia concordar com as reformas se elas abrangessem todos os portugueses, inclusivamente os políticos e os muito ricos. Mas, infelizmente, o que se constata é que são sempre os mesmos a pagar a crise. Então verificamos o seguinte: os ricos estão cada vez mais ricos, os pobres cada vez mais pobres. Os que têm reformas chorudas vêm-nas sempre a engordar, e os que têm reformas de miséria vêm-nas a emagrecer de dia para dia. A Saúde, neste ritmo, é só para os que têm dinheiro para a comprar. Urgia, concordo, pôr cobro a muitos desperdícios que se verificavam nesse sector, mas daí a colocá-la nas mãos dos privados, como estamos a ver...Mal estarão aqueles que não têm dinheiro para comer, quanto mais para comprar os cuidados médicos.Não tenhamos ilusões, o Serviço Nacional de Saúde está agónico..Havia exageros, concordo, mas havia que os diagnosticar e aplicar a devida correcção.A prestação de cuidados de saúde, com qualidade, não é compatível con a contenção de despesas ou poupanças exageradas. E fico-me por aqui...
Esperamos, encantados, a continuação desta saga.
Peço desculpa mas eu só queria brincar um bocadinho, construtivamente, com os políticos,os incêndios e a prática religiosa.
O cavalheiro lá de cima queria uma reforma para ricos e outra para pobres?
Exlique lá como é que fazia isso!
O que é que fazia ao Belmiro de Azevedo?
O que é que fazia ao Chico Aragão?
O que fazia a um General?
O que fazia a um Director de Serviços?
O que fazia a um funcionário público?
O que fazia a um reformado?
Angela
Não compreendeu? Não me parece um assunto de grande complexidade e, consequentemente, de difícil compreensão! É que não é possível comparar o incomparável.
Caro JLM: Não peça desculpa. É verdade, como diz caracol, que estamos encantados. E que queremos mais.
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