Numa altura em que passam 120 anos sobre a inauguração da linha do Tua, o partido ecologista Os Verdes volta a erguer a sua voz contra a construção de uma barragem junto à foz do rio Tua, entre Carrazeda de Ansiães e Alijó. O governo encara-a como uma prioridade para cumprir as metas nacionais em termos de produção de energias com base em fontes renováveis, mas se avançar vai submergir a histórica linha ferroviária.
Manuela Cunha, dirigente de Os Verdes, voltou a defender, em Carrazeda de Ansiães, onde ontem participou numas jornadas sobre interioridade, que "salvar a linha do Tua é fundamental para o desenvolvimento desta região". No entanto, para dar mais força ao argumento, a responsável prefere falar num conjunto de linhas Tua, Corgo, Tâmega e a Linha do Douro em toda a sua extensão, do Porto a Barca D'Alva, junto à fronteira com Espanha.
O futuro turístico, essencialmente, destas linhas terá, na sua opinião, de andar de braço dado com os estatutos de Património Mundial que já detêm o Centro Histórico do Porto, o Alto Douro Vinhateiro, o Parque Arqueológico do Vale do Côa e Salamanca (Espanha). Refira-se que do lado espanhol também há intenções da Junta de Castilla e León de reabrir para turismo a linha entre Barca D'Alva e La Fuente de San Esteban, muito embora neste momento não passe de vontades.
Autarcas divididos
O desejo de Manuela Cunha é subscrito pelo presidente da Câmara Municipal de Mirandela, José Silvano, que se tem manifestado sempre contra o futuro encerramento da linha, e consequentemente, contra uma barragem na foz do Tua. O também presidente do Metro Ligeiro de Mirandela suspirou de alívio quando a Refer mostrou celeridade na reparação dos estragos provocados pelo acidente ferroviário de Fevereiro, que matou três pessoas. No entanto tal não é garantia de que a linha não vai fechar.
De resto, entre os cinco autarcas dos concelhos servidos pelo que resta da linha do Tua, o de Mirandela é o mais acérrimo defensor da sua manutenção, não obstante a utilização deficitária para fins comerciais. O edil de Murça, João Teixeira, têm-se mostrado contra a barragem, mais pelos prejuízos que causará aos agricultores de parte do concelho, enquanto que o edil de Vila Flor, Artur Pimentel, deposita esperanças no potencial turístico da linha. O autarca de Carrazeda de Ansiães, Eugénio de Castro, é a favor da barragem porque multiplicará o potencial turístico das termas de S. Lourenço e o de Alijó, Artur Cascarejo, também tem manifestado que o aproveitamento hidroeléctrico será mais benéfico para o concelho do que manter a linha do Tua. Eduardo Pinto in JN
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