quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Daqui e dali... Adolfo Mesquita Nunes

Como continuar a confiar nos socialistas?

Os socialistas portugueses tiveram sempre, ou quase sempre, uma difícil relação com o pensamento económico: ou estiveram do lado errado ou chegaram ao lado certo com um atraso indesculpável.

Nos anos 70, quando as experiências soviéticas eram já conhecidas de todos, os socialistas portugueses permitiram a nacionalização da economia e defenderam-na com determinação.

Nos anos 80, quando a Europa se comprometia na liberalização da economia e via o progresso, os socialistas portugueses defenderam a irreversibilidade das nacionalizações, resistiram às alterações na organização económica nascida com a Constituição de 1976, insistiram no essencial da Reforma Agrária, contestaram as privatizações e bateram-se contra os primeiros sinais de modernização da legislação laboral.

Nos anos 90, quando eram notórios os resultados de experiências políticas esquecidas das contas públicas, os socialistas portugueses permitiram o crescimento da despesa e da dívida, alargaram o Estado para além dos limites da sua tradicional definição, recusaram-se a fazer uma reforma profunda na segurança social e promoveram a subsidiodependência da população portuguesa.

Na primeira década do novo Século, quando eram evidentes os sinais de crise estrutural do país e começaram a surgir os primeiros sinais da crise que nos assola, os socialistas insistiram na secundarização do défice e apontaram para vida além do dito, impediram a completa reforma da legislação laboral, aumentaram impostos como nenhum outro partido, descontrolaram a despesa, desdenharam da crise e falharam qualquer execução orçamental prudente.

Os socialistas portugueses tiveram sempre, do ponto de vista económico, com excepção da sua determinante contribuição para o afastamento do comunismo e para a integração europeia, uma relação difícil com a História. Ou estiveram sempre do lado errado, ou chegaram muito tarde ao lado certo.

Não era já tempo de deixarmos de confiar nos socialistas portugueses?
Expresso

1 comentário:

Anónimo disse...

Rara inteligência esta!