quarta-feira, 25 de agosto de 2010

População quer táxis a parar na aldeia

Transportes colocados pela REFER para substituir o Metro só param junto às antigas estações.
A população de Abreiro, no concelho de Mirandela, não concorda com as paragens definidas pela REFER para os táxis que, há cerca de dois anos, substituem o Metro, devido ao encerramento da Linha do Tua entre o Cachão e o Tua.
Se o Metro tinha que parar obrigatoriamente nas estações, os populares alegam não faz sentido o táxi parar a cerca de dois quilómetros da aldeia, quando atravessa a localidade diariamente. “Há muitas pessoas idosas que têm dificuldade em andar e era mais cómodo apanharem aqui o táxi”, afirma Idalina Lima.
Antigamente, eram muitos os que faziam o trajecto a pé até à estação do comboio para mandarem mercadorias para Lisboa, através da ligação à Linha do Douro, mas hoje aquela zona está “deserta” e as pessoas têm receio em ir até à paragem do táxi. “Já houve casos de pessoas que foram abordadas por carros quando se deslocavam até à zona da ponte, que é onde temos a paragem”, enfatiza esta habitante.
Teresa Lopes, a taxista que faz o percurso entre o Cachão e o Tua e vice-versa, afirma que as paragens foram definidas pela REFER e garante que “serve a população o melhor que pode”.
Táxis realizam menos duas viagens diárias em cada sentido e não são compatíveis com as necessidades das populações.
O presidente da Junta de Freguesia de Abreiro, José Viriato, testemunha a revolta da população e diz mesmo que os horários não são compatíveis com as necessidades das pessoas que têm assuntos para tratar na sede de concelho. “O táxi sai daqui às 11:30 horas, chega a Mirandela depois do meio-dia e já está tudo fechado. A maioria das pessoas têm consultas de manhã e precisava do transporte para ir ao médico”, constata o autarca.
Mais: enquanto o Metro fazia quatro viagens diárias entre o Tua e Mirandela e vice-versa, o táxi só duas viagens a meio da manhã, uma em direcção ao Tua e outra até ao Cachão, e mais duas durante a tarde, uma em cada sentido.
Estas situações têm levado à perda de passageiros, visto que há pessoas que preferem utilizar o transporte escolar, em tempo de aulas, ou apanhar o táxi da freguesia, que parte todos os dias ao início da manhã de Abreiro rumo a Mirandela.
Os turistas também deixaram de fazer este trajecto desde que o Metro foi substituído pelos táxis. “No primeiro ano havia mais turistas. Agora já quase não há nenhum, porque preferiam fazer a viagem completa de comboio para verem as paisagens”, constata Teresa Lopes.
Presidente da Junta de Freguesia teme que Abreiro fique sem comboio e sem barragem
Mesmo assim, a taxista afirma que a taxa de ocupação depende dos dias e das necessidades das populações. “Há dias que vou cheia e outros em que vou vazia. Mas à hora marcada passo sempre nas paragens”, garante Teresa Lopes.
A população tem saudades do Metro e do comboio a carvão de antigamente, mas considera que não vale a pena reabrir a linha sem estarem reunidas as condições de segurança. “Era um suicídio mandar o comboio novamente até ao Tua. É preciso uma linha nova”, defende Idalina Lima.
O Metro poderá, no entanto, nunca mais circular, devido à construção da barragem de Foz Tua, que vai submergir cerca de 16 quilómetros de linha. “O ideal era termos o metro e a barragem, mas não podendo ter as duas coisas, ao menos que viesse a barragem”, defende o presidente da Junta.
O problema é que a albufeira vai ser construída à quota mínima, chegando, apenas, à Brunheda, no concelho de Carrazeda de Ansiães. “Se tivéssemos a barragem podíamos ter barcos e podíamos atrair turistas. Assim nem uma coisa nem outra”, lamenta o autarca. Nordeste

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