Será uma "golden share" o toque de Midas do Estado sobre as empresas portuguesas? Ou, na situação actual, tornou-se a forma de transformar o ouro em ferro ferrugento? O que se tem passado na PT mostrou que o Governo, na sua ânsia de fazer das empresas extensões da sua hegemonia política, está a fazer mais pelo fim das "golden shares" do que pela sua preservação.
O PS bebe cicuta e pensa que é elixir. O Governo de Sócrates tornou o socialismo uma nomenklatura de "boys". Há uma triste herança destes anos: deu-se poder a quem não o sabe exercer.
O desfilar de atrocidades cometidas permite compreender a chamada elite política criada por Sócrates: jovens que subiram de elevador na vida e que nunca aprenderam a discrição do exercício do poder. Não compreendem o silêncio do poder: querem gritá-lo, para que todos reparem neles. Estes "boys" que pululam nos serviços públicos e em empresas com "golden shares" são exemplares defeituosos do novo homem sonhado por Sócrates.
O lamentável é esta geração de gente mal preparada e paga a peso de ouro ter uma palavra a dizer sobre o dia-a-dia de Portugal e o futuro dos que aqui vivem. Na sua simplicidade, estes "boys" são sucedâneos de Homer Simpson com telemóvel. Numa carta a Sophia de Mello Breyner, Jorge de Sena escrevia: "Cada vez mais penso que Portugal não precisa de ser salvo, porque estará sempre perdido como merece. Nós todos é que precisamos que nos salvem dele". Portugal precisa que nos salvem destes "boys" sem rosto e sem qualificações que governam este sítio. Atirem-nos um salva-vidas!
Fernando Sobral, Jornal de Negócios
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