num barco atracado ao Pinhão
Foi muito bom ouvir a bordo a banda do contrabaixista de jazz Kyle Eastwood, totalmente despretencioso, tocando admiravelmente um baixo eléctrico de 5 e 6 cordas. Muito bom ouvir o autor de algumas bandas sonoras para os filmes do pai, Clint, como Gran Torino ou Letters from Iwo Jima. Apenas um senão,
da parte de alguns dos convidados. Assim, nesta última peça citada, de carácter mais intimista, por exemplo, os pianos do piano de Andrew McCormack foram literalmente abafados por um clamor de conversas, impedindo a relação do perfume de um cálice de champanhe rosé com a música, o que motivou a um dos assistentes de cadeira fazer um funil com a mão direita e contraclamar
— Aqui está-se para ouvir. Quem quiser des_
conversar que o faça no deck superior.
Que o grupo dos convidados que estão quase a ser famosos (e dessa fama já se não livram), na canção de Sérgio Godinho, não estavam ali para o concerto, mas para a noite disco apresentada pelo dj Álvaro Costa, que sempre se entrega musicalmente, como diria Reininho, às meninas da night, qual cromo da Liga dos Últimos num último esgar de revivalismo dos eighties e dos seventies, mais mainstream. Foi ‹‹giro››,
embora gostássemos mais que Álvaro Costa, esse bom rapaz, saltasse um pouco para a margem, ainda que de dentro, pois aí sempre se manteve, como pai Natal da indústria nas palavras justas de Adolfo Luxúria Canibal. Que
mais do que os risos à porta da ‘Pastelaria’ de Mário Cesariny, de haver, brancos e muitos, muitos dentes à mostra, preferíamos o longo nariz dos membros da Confraria do Vinho do Porto, de quem o ama e sabe fazer amado. Como explicar a Milos Forman que o do Porto é um néctar
para se apreciar (apenas) quando sóbrio.
Vitorino Almeida Ventura
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