Antestreia do Douro Film Harvest,
em Torre de Moncorvo
Tive a honra de ser convidado para a antestreia do filme Julia & Julie e — posso dizer, extensivamente? — para a antestreia da 1ª edição do Douro Film Harvest. Esta é, efectivamente, ‹‹a melhor forma de concretizar a 2ª colheita de que falava o médico e escritor João de Araújo Correia››, nas sábias palavras de António Martinho, seu activista maior. Um evento destes faz a ligação
de todos ao Douro Superior, entendido este não apenas como uma região mas como um espaço mental — que, nas palavras de Ricardo Magalhães, em Estrutura de Missão, é — em trânsito pelo mundo, nas mesas de tantos filmes, para tudo ser reencontrado por dentro do Amor, como diria Herberto Hélder. Uma apologia do Vinho,
pela própria vide, nos Wine films a exibir, sendo Mondovino o voltar ao prazer de cada taça, sem atender à homogeneização do gosto e da indústria pelos enólogos famosos, mas à particular
idade de cada vinho — ao corpo de cada qual.
O actor Ricardo Trêpa foi o anfitrião. E a sua intervenção maior foi a de lembrar dois filmes do avô, Manuel de Oliveira, Espelho Mágico e Vale Abraão, duas adaptações de Agustina, tão ausentes, mas sempre presentes, por ser o Douro, nestes, _ sua personagem mais alta. Já
as pequenas gafes do apresentador funcionariam igualmente, na concepção do avô, se o cinema é um registo mecânico do teatro, e o teatro não tem rede, como uma cómica curta-metragem, anteposta à comédia Julia & Julie, que se lhe seguiria. A troca, pelo actor, de Torre por Torres de Moncorvo, que motivou o àparte do presidente da câmara local da singularidade da sua terra, e a réplica daquele, chegado ali, na plural mania das grandezas, foi o maior momento… Não fosse ao filme,
ficarmos empanturrados de manteiga, muita manteiga, sobre todos os manjares — com a performance de Meryl Streep (Julia), tão fortemente teatralizada, em oposição ao naturalismo dos outros personagens, na pele de uma americana em Paris ao tempo da caça às bruxas do Mcartismo, por volta de 1950, que quis ensinar aos seus a cozinha francesa, história essa que paralelamente se veio a repegar
de manteiga, muita manteiga, na de Julie, uma americana a viver _ _ plena América, já ao fim-de-século, tão perto dos 30, que, ao seu blogue ia falando sobre as concretizações das receitas a partir das do livro de Julia — as duas apenas se cruzando num comentário desta, já com 90 anos, por via de um terceiro, de que não acharia sérias tais práticas da primeira, que depois se transformaria também ela numa escritora...
Vitorino Almeida Ventura
Post Scriptum: O espaço das duas cozinhas, amplo o de Julia, apertadíssimo, o de Julie, dizem bem da diferente arquitectura, que se tornaria mais alta em densidade.
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