quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Daqui e dali... Vitorino Almeida Ventura

O prémio de Melhor Professor do Ano,
para ilustrar (est)a Avaliação


Este ano, o Prémio coube não a um, mas a uma colega — não vem ao caso o nome —, da Secundária Carolina Michaelis, o tal liceu que viveu, sob a net e depois pela imprensa — ouso dizer? — cor-de-rosa, a gravação pelos alunos da retirada do telemóvel, por uma professora, a uma sua aluna. Não sei se em tal atribuição pesou o mediatismo deste caso, que virou a Opinião Pública mais a favor da causa docente, pois por vezes hoje, ademais numa Crise de Autoridade, se têm de domar certas feras… E alguns colegas estão sempre aí. Mas,

tal avaliação, digo, tal Prémio me parece uma realização americanita de série B, pois realiza uma operação financeira a baixo custo, tendo como argumento o congelamento das carreiras de toda uma classe e atribuindo este prémio para o esquecimento da arca de refrigeração. Acresce, Prémio completamente aleatório, senão vejamos:
Sem colocar a qualidade da docente em questão, pelo contrário, mas
se essa colega, que passa (pedagogicamente, filmes, e música de Maria Bethania em batida rap, nas suas aulas de Biologia e Geologia, tendo mestrado nesta Área e doutoramento em Ciências da Educação), desse aulas em Carrazeda, seria proposta pela Escola, para o Prémio? Ou diriam (alguns dos próprios colegas e superiores hierárquicos) que tinha uma ‹‹pancada›› ou:
— É cá uma música!
Ou seja, Excelente numa Escola, na melhor da hipóteses,
Boa ou Suficiente, noutra… Na minha própria Escola, de uma cidade subúrbio do Porto, num grupo disciplinar (Biologia), onde o cinzentismo convive paredes-meias com a luz, fosse uma ou outra titular (daquelas colegas dinossauros excelentíssimos que efectuaram uma fuga para a frente: antes avaliar, do que ser avaliada, para não assistirem às suas aulinhas de fragilidades), idem idem, aspas aspas! Assim sendo,

o que é muito bom para uns, para outros é medíocre, e vice-versa, pelo que as classificações não têm muita razão de ser. Apenas servem para um contexto, numa História vista pelo lado dos vencedores, sabendo que noutro lugar a mesma História pode ser a dos vencidos. Numa profissão que tem de ser em partilha,

criar lugar de titular e de professor (uma divisão do Ministro das Finanças, artificial) para se efectuar o mesmo trabalho, não faz sentido… Nem este Prémio, nem a classificação de Excelente (como disse Freud, ‹‹impossível… (na) profissão››), pois será que quem o/a obteve é assim tão perfeito/a? Não terá sempre de melhorar em formação contínua? E, para um próximo ano, se houver inadequação a uma turma, a culpa será toda dos alunos? De outro . de vista, o Prémio de Melhor Professor faz sentido ser atribuído pelos colegas — e não pelos alunos, a quem a função se dirige? Dito de outro modo, o único Prémio possível não é mesmo cada professor conseguir ser uma referência para um-qualquer aluno?

Vitorino Almeida Ventura

17 comentários:

Anónimo disse...

O que o Prof. VV quer dizer é que, excelente, nem pensar, muito bom nem pensar, bom nem pensar, etc., e etc. e etc..
Pelo outro lado, cá por mim conviveria muito bem, se calhar, melhor, com o que diz no contrário, ou seja, que o professor fosse qualificado pela "grandeza" do aluno...
Olha que bom!
Desta, a Ministra não se tinha lembrado!
Mas caro amigo VV, cuide-se, pois há-de colegas seus que não acham piada nenhuma a esta sua "invenção"!
Por esta não esperava eu!

Anónimo disse...

Meu caro VAV. Com tantos "ses", tudo é possível. Acontece que a tal colega premiada não o foi com os seus "ses".

Unknown disse...

Perde-se um tempo enorme com as avaliações e põem-se os professores uns contra os outros por causa dos excelentes,dos bons,etc..
O que os professores precisam,como quaisquer outros funcionários,é de serem fiscalizados para ver se cumprem.
Para mim,funcionário é aquele que cumpre uma função do Estado.
JLM

Anónimo disse...

Caríssimo Dr. João Lopes de Matos:
Já tivemos um País "fiscalizado" durante meio século!
Sei que a sua intenção é objectiva e virada para o mérito ao professor que o saiba ser, mas FISCALIZAÇÃO, com todo o respeito, não será bem a palavra certa!
Pese embora o facto de alguns, muitos, não deixarem de precisar de fiscalização, antes, durante e até depois das aulas!
Sim, porque como classe à parte, se querem ser tão excepcionais...
M. Lameiras

Anónimo disse...

PARECE QUE ESTAMOS NO PROGRAMA A CADEIRA DO PODER. VAV DIZ QUE NÃO HÁ PROFESSORES EXCELENTES E QUE NÃO CONCORDA COM ESTA AVALIAÇÃO, O PRIMEIRO COMENTARISTA SÓ CONCORDA COM A A AVLIAÇÃO QUE A MINISTRA QUISER, O SEGUNDO CONCORDA COM O PRÉMIO, JLM ACHA QUE É UMA PERDA DE TEMPO A AVALIAÇÃO, M. LAMEIRAS ACHA QUE OS PROFESSORES SE JULGAM EXCELENTES, QUE É O CONTRÁRIO DO QUE DIZ VAV E JLM, E O MESMO QUE DIZ O SEGUNDO, ENQUANTO O PRIMEIRO... ETC. ETC. ETC.

Anónimo disse...

E vai daí....
O que é que diz este último comentador?
Nem sequer comenta os anteriores comentaristas!
"Tásse bem!"

Unknown disse...

Substitua,se o entender,"fiscalizar" por "controlar". A fiscalização que existia antes era para ver se ,entre outras coisas,todos íamos à missa.Não é isso que eu defendo.Eu defendo que não se deixe andar tudo ao Deus dará e que se verifique se as pessoas cumprem e auxiliá-las,se for preciso, a cumprir.
JLM

Unknown disse...

Para o anónimo de5/12,12:11,emita também a sua opinião,em modos corteses,claro.
JLM

Anónimo disse...

O que o meu colega VV, que não tenho o privilégio de conhecer, devia dizer mais clara e precisamente é que este Prémio não é o do melhor professor, porque a quase totalidade das escolas não propõe nenhum, para não melindrar os outros colegas e pode haver alguns com igual mérito em Carrazeda, Alfândega, Mirandela, Bragança, mas que nem sequer podem concorrer. O primeiro comentarista podia também defender um modelo e não escudar-se atrás da Ministra.
Um professor do Norte

Anónimo disse...

Em vez de criticarem o bigode de Mário Nogueira nos outros e rir-se como perdidos, enquanto outros soltam gargalhadas com o carão da Ministra, alguns comentadores deviam dizer era de sua justiça. A mim, parece-me isto, ou aquilo, sem moralizar. A mim, parece-me que estão ambos numa barricada, a ouvir as sondagens. E a confundir firmeza numa coisa que não devia ser o mais importante. Dar aulas fica para segundo plano. E os nossos filhos que se lixem!
Carrazedense

vitorino almeida ventura disse...

Caro Anónimo 1:

Peço desculpa pelo atraso.

Nos seus considerandos, começa por pôr em causa o eu considerar que não há professores excelentes. Nisso, o senhor Anónimo tem a seu lado todos os Excelentíssimos: a Ministra e os dois Secretários de Estado, Eu, a meu lado, entre outros, os ‹‹tontos›› que o disseram antes de mim: Sigmund Freud, Carlos Amaral Dias, Júlio Machado Vaz, Jaime Bilhoto — e o próprio João Lopes de Matos, aqui. Mas

deste prato da Balança, questionamos: — Um professor excelente (ou com o Prémio de melhor professor) não se torna uma espécie de ‹‹vaca sagrada››? Deixará, como todos os outros professores, de ser em formação contínua? De melhorar, de aprender sempre? De se adequar cada ano a cada turma? — Como lidar depois com um erro de tal professor?
(A extensão do que eu disse ao Muito Bom, Bom, Suficiente, etc.e a putativa ideia de que eu estaria a propor ser avaliado pelos alunos é abusiva. Em primeiro lugar, defendo o modelo alemão de avaliação. Sobre os alunos, o que eu gosto de dizer é que o verdadeiro prémio, para mim, é, anos mais tarde, me reconhecerem como um dos seus professores de referência, o que é bem diferente).

Mas não defendi modelo algum — apenas me limitei a criticar o modelo burocrata ‹‹chileno›› adoptado por este Governo.

vitorino almeida ventura disse...

Post Scriptum 1: Estou-me

nas tintas para o facto de alguns dos meus colegas pensarem que são o máximo. Eu penso pela minha cabeça. Acho que não sou Excelente, agora dirigindo-me ao caro M. Lameiras — que posso (e devo) aprender sempre mais. Ora, não estou nem me sinto cristalizado.

vitorino almeida ventura disse...

Caro Anónimo 2:

Relativamente aos ses, à alea (claro clarinho): este Prémio não é o que diz ser (de Melhor Professor), porque só uma % ínfima de Escolas propuseram colegas, pelos motivos apontados pelo colega do Norte, entre outros. Mas

percebeu bem os meus ses... Até porque me identifico t-o-t-a-l-m-e-n-t-e com a forma de dar aulas da colega em causa.

Esperando a vossa melhor compreensão,

Vitorino Almeida Ventura.

vitorino almeida ventura disse...

Post Scriptum 2: Ana Benavente, ex-Secretária de Estado da Educação do governo PS, também acha que esta divisão entre titulares e professores é ‹‹apenas numa operação financeira›› , de penalizar a maioria, para não chegar ao topo. Não se justifica, porque não corresponde o mais das vezes a cargos diferentes e centra as pessoas em individualismos, quando este trabalho deve ser em partilha — num Ensino Mútuo Cooperativo. Pelo menos, eu acredito na Escola Moderrna.

Anónimo disse...

Afinal quem poderá ser ministro da educação neste País?
Faz-me lembrar o Dr. Fernandes do Bloco de Esquerda que, depois de muito blá blá foi para vereador do Dr. António Costa, mas como alinhou com este em matérias em que a política tinha de ficar à porta do gabinete, caiu-lhe a desgraça em cima e foi "excomungado" pelo Dr. Louçã...
Como que o Dr. Louçã, se "amanhã",ou algures no tempo vier a ser ministro de um qualquer Governo não lhe venha a acontecer exactamente a mesma coisa a caminho da excomunhão!
Faz-me lembrar também o PC!
Muita conversa da mesma e da velha desde Cunhal, fazendo passar a ideia que seria possível, um dia em democracia, ser governo com as práticas que vem alardoando!
Isto sim, é que atirar areia para os olhos das pessoas!
Os professores, alguns, e Mário Nogueira também, se algum dia viessem a ser Ministros deste País, era só vê-los a fazer "vontadinhas" a quem?
CLARO, A TODOS MENOS AOS PROFESSORES!
Isto não é atirar areia para os olhos da Pessoas, mas sim atirar pedregulhos!
Caro VAV, deixe-se de ironias a apresente lá um modelozinho de avaliação, pois para isso é professor!
Ou está como aqueles professores que só pela amizade e compadrio foram parar aos conselhos directivos de tudo e mais alguma coisa, mas nunca pela avaliação que deveriam ter tido?!

vitorino almeida ventura disse...

Caro Anónimo 1?, 2?, ?, pelo estilo parece-me o 1. Seja:

Por que parece sempre tão zangado (com os professores)?

Embora o meu caro não responda a nenhuma das questões que lhe formule da Excelência — e ainda venha agitar a velha bandeira do papão comunista ou trotsquista —, quero descansá-lo, esclarecendo que não sou filiado na Fenprof, nem nutro pelo Mário Nogueira nenhuma simpatia, em especial pela sua estratégia guerrilheira de comunicação… — Da mesma forma que não nutro nenhuma simpatia pelo populismo para com os pais, assente numa desvalorização do papel dos professores, sobretudo, da Ex.ma Ministra, dos Secretários de Estado e da directora da DREN. Aliás,

Mário Nogueira e a sua organização apenas aproveitaram o descontentamento de toda uma classe (e o meu caro Anónimo parece desconhecer que a Fenprof foi a reboque de toda uma mobilização espontânea). Dos 120 mil na rua, nem metade são sindicalizados. E há outros sindicatos que não a Fenprof. Mas

perguntou quem seria um bom ministro da Educação, para mim. Eu aponto vários: Ana Maria Benavente (PS, ex-Secretária de Estado), Maria do Rosário Gama (PS, professora da Escola D. Maria, Coimbra), Matias Alves (PSD, ex-professor da Esc. Sec. de Gondomar e ex-Secretário de Estado), o colega que o ano passado ganhou o Prémio de Melhor Professor, esquece-me agora o nome, de Aveiro, ah, mas não serve pois é do Bloco de Esquerda, não é?… Nuno Crato, presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática… Chegam os nomes? Mas

os nomes não são o mais importante, mas as políticas. E todos eles têm em comum o criticarem este modelo que foi importado do Chile, pensando melhor um-qualquer dos países europeus, mais desenvolvidos no conhecimento. Eu já disse que prefiro o modelo alemão,

embora eu seja um mero professor e, ao contrário do que o meu caro Anónimo disse, não existo para propor modelos de avaliação, mas para dar boas aulas e bom acompanhamento aos formandos. É por isso que me pagam. Mas prefiro o modelo alemão. Agora, o que todos os professores (quase todos) contestam é esta burocracia que impede os bons professores de continuarem a ler e a investigar, para melhorarem as suas práticas. Daí que me insurja contra este modelo.

Quanto ao último parágrafo, não sei se continua a referir-se a um conselho executivo de Lisboa, pelos exemplos que deu da política nacional (que não me interessam nada, uma vez eu apenas saber alguma coisa de educação e cultura) ou ao presidente local, a quem o meu bom amigo Hélder Carvalho, nas suas Mentiras que doem mais do que Verdades Piedosas, deu os parabéns por ter celebrado as bodas de prata à frente da Escola Secundária. Mesmo neste caso,

penso que está mal informado. Com a simplificação do modelo, quem dele beneficia? O 25 de Abril fez-se… Para aqueles professores que estão no topo da carreira, no 10º escalão, muitos deles competentes, mas muitos deles cristalizados nos seus trinta anos de serviço, alguns deles uma verdadeira cassete de tempos idos… Ora este modelo não os vai avaliar coisa nenhuma (a não ser que eles queiram!), nas sua componente científica ou pedagógica, que é a essência da profissão ou não concorda? Pois nada têm a perder se só tiverem bom… Assim, o próprio modelo cria uma casta (ou nata) privilegiada, que se pode excluir, pondo-se fora do modelo, estando dentro…

Ao sugerir se eu estou ‹‹como um dos professores››… O caro Anónimo entra por um caminho pouco-pouco ético, já que não estamos em plano de igualdade — cómodo, para si, anonimamente, pois pede-me exemplos de cidadania que eu não lhe posso pedir. No entanto, sempre lhe digo, que não estou como esses. Pelo menos, os convites de Centros de Formação de Professores, de Bibliotecas Municipais, mesmo de uma Universidade para um Curso de Verão, parecem apontar para alguma qualidade científica da minha parte.

Post Scriptum: O senhor Anónimo parece incomodado com a minha ironia. Mas, quem efectivamente começou num tom sarcástico, não foi o meu Caro Anónimo, quando me tratou como um débil mental?, ao escrever: — ‹‹Desta, a Ministra não se tinha lembrado!›› ou ‹‹não acham piada nenhuma a esta sua ‘invenção’››. Não se pode queixar quem usa dos mesmos, ainda que outros, artifícios, não acha?

Anónimo disse...

ó caro colega VAV, que pachorra tem para responder a alguém que não responde a nenhuma das suas questões, porque nada entende deste modelo nem de outro de avaliação. O que este anónimo tem é ódio de um professor que tenha apanhado ou nas aulas ou num conselho executivo, por via do filho. Então, quer que sejam avaliados, pensando que neste modelo quem lhas fez, vai finalmente pagá-las. Não interessa se o modelo é bom ou mau, o que interessa é que vai pagá-las!
Um prof.