quinta-feira, 9 de junho de 2011

Morte do Bloco de Esquerda: missa do 7º dia realiza-se no Domingo - Tiago Mesquita

Não tenho nada contra este partido em particular, apesar de nunca ter percebido para que serve, quais os ideais que defende, se é que defende algum para além de contestar os demais. Se é de esquerda ou direita, a oscilar entre o radical e o liberal consoante o tema. É uma espécie de salada de frutas partidária. E é notório um contra-senso entre o que vai apregoando, causas que abraça e o estilo de vida da maioria dos seus apoiantes. Mas como gostos e opções, políticas ou outras, não se discutem sempre procurei respeitar quem me dizia "sou do Bloco". Diziam ultimamente que "era um voto útil". Pergunto: útil para quem?

Mas sempre vi na expressão "sou do Bloco" uma estranha necessidade de afirmação, como se só por ser pronunciada a pessoa ganhasse uma espécie de auréola de superioridade intelectual em relação aos que votam nos demais partidos (os que contam de facto para alguma coisa em termos eleitorais). O Bloco para mim sempre foi aquele partido que aparece em bicos dos pés em tudo o que é manifestação, normalmente com cães presos por um baraço. Uma espécie de circo ambulante. Uma miscelânea de Gandhi com Guevara passando pela Madre Teresa de Calcutá. Da legalização das drogas leves ao fim da guerra no planeta Marte. Da defesa dos polícias em patrulhamento sem pistola à condenação do extermínio dos pombos da baixa pombalina. Tudo com erva, t-shirts coloridas biodegradáveis e rastas à mistura.

Nasceu da contestação e agora gera desconfiança. Não é só e apenas a contestar que algum dia se chega a governar, nem tão governar-se a si próprio. Traduzido: o BE é um partido estéril e feito do descontentamento da massa crítica votante nos restantes partidos, quando esta tem na realidade de optar por uma mudança o BE desaparece. Morre.

E o que me parece que os bloquistas ainda não absorveram foi que o partido faleceu no Domingo passado. A intransigência em relação à Troika com a velha máxima "não pagamos" e a abertura escancarada a uma liderança de direita estraçalhou o partido, e com ele o já bastante ofuscado líder Francisco Louça. E aqui começa o problema. É comum dizer-se que não há insubstituíveis, mas o BE é a excepção que confirma a regra. Louçã é o Bloco e o Bloco é Louçã. E o bloco com outro líder qualquer vale tanto politicamente como o PND. Portanto os senhores que se estão a colocar, e sabemos quem são, em bicos dos pés e a "atacar" há já algum tempo (com pinças) o partido para tirar Louçã do poder vão tirando o cavalinho da chuva não vá o bicho constipar-se. Esse dia não vai acontecer tão cedo. Expresso

1 comentário:

Anónimo disse...

Eu fui à missa de 7º dia deste bloco Louçã, mas tanto quanto me apercebo, a curto prazo, deixará de haver Bloco e Missas, porque simplesmente este partido foi uma nuvem passageira que com o tempo se vai.
Zé Bento