Um dia ouvi um juiz questionar um condutor que não parara num cruzamento.
O homem, que não tinha prioridade, jurava que o acidente só acontecera porque o outro vinha demasiado depressa. Ao que o juiz retorquiu: "Stop" quer dizer "Parar", não "Parar se o outro vier depressa". Perante a insistência o juiz, irritado, disparou: "Você é um indivíduo perigoso: o que está a dizer é que, apesar da regra ser obrigatória, quando sair daqui volta a prevaricar. Se calhar é melhor tirar-lhe a carta".
Lembrei-me desta história depois de ver a versão final (FMI) do memorando acordado com a Troika. O documento, assinado pelo ministro das Finanças e pelo governador do Banco de Portugal diz, ipsis verbis, que o próximo Governo tem de fazer uma "major reduction" da Taxa Social Única (até final de Julho). Ora nos debates televisivos, o 1º ministro jurou que se chefiasse o próximo Governo apenas faria uma pequena redução da TSU. E mesmo assim, só depois de estudar o assunto. Como se não conhecesse o documento que o seu ministro das Finanças assinara. Documento que passou a valer como lei!
José Sócrates parece-se cada vez mais como o condutor que não queria cumprir a regra da prioridade. E o seu comportamento dá razão aos que perguntam se o país pode confiar num político que protagonizou tantos "casos": promessa de não governar com o FMI (de que se retratou nos debates), "aldrabices" na execução orçamental do 1º trimestre, redução de prazos (imposto pelo Ecofin) na execução de algumas medidas do memorando, facto ocultado ao país (para ficarmos só pela últimas semanas). A resposta, se as sondagens valem alguma coisa, promete ser clara. Jornal de Negócios
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