terça-feira, 14 de junho de 2011

Daqui e dali... Carlos Fiúza

O “psicanalista” e eu…


Qualquer tratado de psicologia (mesmo “manhoso”) ensina que tendência é uma disposição ou propensão do ser vivo para produzir outros atos e procurar determinados fins.
As tendências aumentam em número e complexidade desde o animal ao homem e da criança ao adulto.
Os “apetites” devem ser regulados pela razão, sob pena de degenerarem em paixões grosseiras.
As tendências são, assim, “guardas” da nossa personalidade, e, por isso, são legítimas e necessárias quando contidas em justos limites; de contrário, dão origem a vícios, como o ódio, a inveja, o orgulho.
O homem é naturalmente levado a “imitar” o que vê nos outros, e daqui se conclui a força do exemplo na educação da juventude, que o povo sintetiza no aforismo “diz-me com quem andas e dir-te-ei quem és”.
A própria “simpatia” é já um contágio de emoções e não um simples contágio de atos, como a imitação.
Amar é querer bem ao objeto amado; é uma inclinação do amante para com o amado, que o leva a encarnar-se neste.
O objeto amado vive no amante, como o objeto conhecido no conhecedor.
A amizade é uma modalidade do amor de benevolência; é um amor de preferência entre duas ou mais pessoas.
A amizade procura, mediante ações, a felicidade de outra pessoa; tudo é comum entre amigos, porque o amigo é como que um outro “eu”.
O amor e a amizade adoçam as agruras da vida; são estímulos capazes de levar o homem aos maiores sacrifícios.
Uma vida passada sem amor e amizade é uma vida estéril, infeliz, que incapacita o indivíduo de empreender grandes obras.
Todas as grandes ações são fruto de amor e amizade.
É certo que em oposição ao amor, temos o ódio, que dá origem a atos de aversão.
Daí o dizer-se que todos os atos têm por base o amor ou o ódio.
No entanto, como o ódio a um objeto ou pessoa deriva do amor que temos a outro objeto ou pessoa, por aquele impedir a prossecução deste, não repugna basear todas as tendências no amor.
Toda a vida psíquica do homem, caracterizada por uma infinidade de atos, é condicionada pelas suas tendências que não são mais do que energias para atuar.
No homem cada órgão tem a sua função e cada atividade a sua finalidade, mas todas estas funções ou finalidades devem ser dirigidas num único sentido:
o HOMEM deve agir como convém a um ser que pensa.
Daqui a minha “confusão”:
- Germano ou género humano?
Carlos Fiúza

1 comentário:

Anónimo disse...

Este texto de Carlos Fiúza é muito lúcido, pois nos diz

que se detestamos isto e aquilo, por ex. a guerra, é porque amamos uma e outra coisa: por ex., a paz e a concórdia. Que,

quando criticamos, não é para fazer razias da Reconquista, mas para construir ou ajudar a construir, com a nossa visão... E eu que, pessoalmente, tenho fobia às redes sociais, pois nos dão a possibilidade de «desamigar»! E eu que adoro o diálogo ao vivo, o som da voz...

Daí, a importância do Ouvido. Já

quanto ao germano, Freud lembra-nos, porém: Cuidado com o cão!, que todos descendemos de um bando de assassinos. Já agora,

João Lopes de Matos, claro que isso é bíblico: remonta a Caim, de que o João me deu conta na versão de Saramago.

Grande ab.,

Vitorino Almeida Ventura