Charlie Brown dizia que o segredo da vida é substituir uma preocupação por outra. O segredo do Governo de José Sócrates tem sido substituir as preocupações por ilusões. E estas por desilusões. Só que, desta vez, Sócrates não poderá fazer de Mandrake: não há magia para fingir que se corta na despesa se não se fizer efectivamente isso. O Governo vai ter de atirar para o futuro alguns investimentos e vai meter a mão no bolso dos portugueses, seja através de um aumento de impostos, seja através da distribuição de obrigações do tesouro aos funcionários públicos. Como se imagina, este vai ser um Verão mais quente nas ruas do que nas praias. É esse o destino de Sócrates: vai ter de tomar a cicuta como se fosse uma caipirinha. Este Governo do PS vai pagar o preço da austeridade em forma de derrota eleitoral. As medidas que terá de tomar serão tão duras para uma sociedade já empobrecida que o PS vai pagar no deserto da oposição os seus catastróficos erros desde há anos. A mediocridade benevolente destes anos tem os dias contados. Para Sócrates, agora, estar no Governo é o mesmo que ser condenado a remar nas galés. No fundo, Sócrates tomará as medidas a que se poupará Pedro Passos Coelho, que doou a sua solidariedade, mas que não ficará com o odioso delas. Até hoje Sócrates sobreviveu a todos os seus erros. Só que agora ele tropeçou na sua arrogância delirante que julgava que tudo se submetia à sua vontade. Erro: Sócrates é um peão no meio do grande jogo. Chegou a sua vez de ser sacrificado em nome de valores superiores.
Fernando Sobral, Jornal de Negócios
Fernando Sobral, Jornal de Negócios
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