quinta-feira, 3 de março de 2011

Daqui e dali... Tiago Mesquita

Temos uma "Geração Rasca" de políticos?

O termo "Geração Rasca" nasceu de um editorial de mesmo nome de Vicente Jorge Silva, publicado em 1994 no Jornal Público, isto por altura das manifestações estudantis contra as políticas educativas e contra o aumento das propinas pelas universidades. E esta geração, apesar do epiteto que perdurou até hoje, conseguiu mudar muita coisa.

Vejo os políticos portugueses, tanto o governo como os partidos da oposição, falarem em nome dos portugueses como se deles fossem proprietários, ou como se a razão e voz destes lhes pertencesse por inerência ao cargo para que foram eleitos. Os políticos são os representantes do povo, não os donos do seu julgamento. Quando tudo corre mal a oposição aponta o dedo ao governo, mas quando o governo transitar para a oposição o mesmo irá suceder. Apontam-se dedos no sentido contrário. E os dedos são sempre os mesmos. Há tantos anos. Alternam entre empresas públicas e cargos ministeriais, depois partem para a administração das grandes privadas acontecendo por vezes voltarem ao governo. Não será esta forma de estar da maioria dos políticos um bocadinho "rasca"?

E isto leva a uma pergunta que eu não vejo ninguém ou quase ninguém fazer: será que temos uma geração "rasca" de políticos? A fraca qualidade da classe política não será uma das justificações para o estado a que chegámos? Não ajudaria a explicar tanto do que se tem passado neste país. Não generalizando, há honrosas excepções, mas não estarão grande parte dos nossos políticos mais preocupados em servirem-se do cargo do que propriamente servirem e zelarem pelos interesses dos cidadãos que representam?

Alguns exemplos: a saúde está falida mas temos alguns dos melhores médicos e serviços do mundo. A educação nunca foi tão discutida e contestada, cortes nas bolsas, fecho de escolas por atacado, avaliações de professores inacreditáveis e carreiras docentes em risco ou inexistentes mas no entanto temos excelentes professores. Formamos cidadãos, preparamo-los para enfrentar o mundo mas neste pequeno canto do mundo não têm qualquer futuro. Temos polícias sem dinheiro para atestar a viatura.

Gastamos milhões em submarinos e somos gozados pelos americanos: "Só o orgulho visceral por um passado marítimo explica a compra dos submarinos". Eu também sinto uma forte ligação ao mar e não vou a correr comprar uma ilha, não tenho dinheiro para isso e mesmo que tivesse seria um idiota. A Justiça anda pelas ruas da amargura, mas não temos bons magistrados? Não há nada de errado com o povo português em geral, muito pelo contrário. E os políticos que nos governaram em particular nestes últimos 15 anos? Estão de parabéns? A verdade é que há políticos muito "rascas". E temos tido alguns exemplos disso.

Na minha opinião o problema passa pela necessária renovação da classe política. Acabar de vez com os políticos de carreira e trazer da sociedade civil gente capaz e descomprometida, com ideias novas e principalmente sem precisarem da política para trepar ou para se sustentarem enquanto o elevador não chega. Gente que sirva a política e não se sirva da política. Expresso

7 comentários:

Anónimo disse...

De facto temos. O único que se safa é o Sócrates, por muito que nos custe admitir! Foi o 1º Ministro que mais investiu em Bragança: IC5, IP2 e A4.Veja-se agora os 60 ou 70milhões paras as escolas de Alfândega, Carrazeda, Moncorvo, Macedo, Miranda e Vinhais.

Anónimo disse...

Factos são factos...

Anónimo disse...

Mas deu cabo do país e do futuro de todos nós!

Infelizmente este é o facto que vai ficar na história e que mais nos vai pesar

Anónimo disse...

Ou antes, salvou o país das garras dos especuladores financeiros. Não se esqueça que é a maior crise mundial dos últimos tempos e há paises que não aguentaram tanto como nós. Digo nós e o Sócrates é que estamos a aguentar, porque ele e outros bem gostariam que assim não fôsse.

Anónimo disse...

Perante tamanha cegueira fanática...nada a fazer!

Sim senhor, o Sócrates é o maior.

Mais calmo? Pronto, pronto, já passou...

Anónimo disse...

E todos os portugueses não são rascas?
Para haver desenvolvimento é preciso,acima de tudo,que os cidadãos não sejam rascas.

Anónimo disse...

E que não sejam cegos, principalmente...