Desenvolvimento e emprego
Todos os partidos políticos afirmam que a saída da crise (para além de outras medidas como a redução dos serviços e funcionários públicos) reside no desenvolvimento económico dos diversos sectores. Os conservadores dão a entender que a solução está em repor as actividades que existiam, entretanto destruídas,' segundo eles, sobretudo por causa da U.E. e de políticas erradas.
Vejamos, com algum cuidado, a evolução dos principais ramos: agricultura, indústria e serviços.
Quanto à agricultura, ela tem evoluído, no interior, ao longo dos anos, de uma actividade de subsistência para uma quase agricultura moderna, com um cariz muito semelhante ao sector industrial: mecanização, redimensionamento das empresas, cálculo contabilístico.
O que fez mudar a agricultura? Abandono propositado dos poderes públicos?
Parece-me ter sido, sobretudo, o abandono para o estrangeiro e para o litoral de grande parte da população rural, que não conseguia melhorar o seu nível de vida na maneira bucólica de viver, de que tanto gostava e de que todos os anos ainda agora mata saudades nas férias, a causa principal da mudança.
Estamos, no momento presente, a dar, sem querer, a estocada final no moribundo mundo rural e a paulatinamente provocar o advento do novo mundo: têm aparecido culturas já modernas mas ainda há muita coisa votada ao abandono sem se saber por enquanto qual o destino a dar-lhe.
Mas teremos, de futuro, um redimensionamento da propriedade e a introdução de novas iniciativas, que trarão, com certeza, uma nova agricultura.
O emprego, no entanto, limitar-se-á a ser sazonal ou contínuo mas diminuto.
Não dará, de certeza, para aumentar a população e para revitalizar as freguesias.
Manter-se-ão certos agregados urbanos de uma dimensão razoável, onde as pessoas viverão e de onde se deslocarão para tratar das explorações agrícolas.
Não haverá, de modo algum, um retroceder aos tempos antigos como solução dos problemas do interior.
Fiquemos hoje pela agricultura.
João Lopes de Matos
13 comentários:
ó bom Jlm, deixe-me felicitá-lo pelo seu artigo. Mas há por aí um camarada anónimo que vem dizer que devemos tudo ao Sócrates, na sua reencarnação do Cavaco das auto-estradas. É tudo a mesma caldeirada: o IC não sei quantos, sem pagar até quando?! A A4, versão a pagantes?! É que você vem dizer que as estradas velhas serviram para a gente mais avisada se pirar daqui: uns para o litoral, outros para o estrangeiro. Estas estradas novas servirão para o inverso: matar saudades? Mas eu matar não gosto muito... Continue a ler a Gramática de Lindley Cintra.
Cumprimentos,
LVS
Este LVS,com a sua gramática de Lindley Cintra,faz-me lembrar alguém,mas quem?
Brinca um pouco com o meu artigo mas não vou zangar-me consigo por causa disso.
A que propósito fala nas estradas? Sempre lhe direi que elas não alteram o problema,pois tanto dão para ir como para vir.
De qualquer modo,sempre é preferível que haja boas vias, para o interior desaparecer como tal e passar a ser um prolongamento do litoral.
JLM
Se, por um lado, se tem verificado "o abandono para o estrangeiro e para o litoral de grande parte da populaçãp rural...", como é que então se verifica, segundo o nosso prezado JLM, que a agricultura "tem evoluido, no interior, ao longo dos anos,de uma actividade de subsistência para uma quase agricultura moderna, com um cariz muito semelhante ao sector industrial..."?!
E logo mais adiante, JLM reconhece ainda que "têm aparecido culturas já modernas" e que "temos, de futuro, um redimensionamento da propriedade e a introdução de novas iniciativas que trarão uma nova agricultura"!
Não haverá aqui uma tão flagrante contradição? Uma nova agricultura com quem? Com os velhinhos? Sim, pois não se diz que os novos partiram todos? E, por outro lado, não tem JLM reconhecido aqui que as novas vias rodoviárias em vez de trazerem gente, provocam desertificação? Então em que é que ficamos?
Quanto ao LVS (que julgo identificado), também eu acho curiosa a sua repetida alusão à gramática de Lndley Cintra (e de Celso Cunha, já agora) que, sendo uma ótima gramática, não é, para mim, a melhor, pelo menos, a mais atualizada, mas isso já é outra conversa...
Cumprimentos para os dois amigos JLM e LVS.
h.r.
Caramba, agora fiquei confuso. O LVS não é o h.r.?! Se não sentiu «a repetida alusão à gramática», pois não?
Caro H.R.:
Começarei por tentar mostrar não haver contradições insanáveis naquilo que digo, tendo bem presente que a razão não estará nunca apenas do meu lado ou apenas do seu.
Além disso, as contradições são algo que eu não posso evitar porque estão ínsitas à minha natureza humana. Para reduzir algumas contradições é que existe o contraditório, que desejo se mantenha entre nós.
Pelo menos formalmente, para nos aproximarmos do aclaramento de posturas diferentes, convém-nos que um de nós se posicione dum ângulo e o outro de outro.
Vou, portanto, defender a minha postura:
Não me parece haver contradição grave entre o facto de as pessoas terem abandonado o interior com o facto de a agricultura se ter vindo a modernizar. É que a rarefacção de mão de obra tem sido um acicate à modernização em todos os domínios da actividade humana. Só que a modernização leva também à dispensa de mão de obra.
O “aggiornamento” da agricultura nota-se em diversos sítios e actividades: nota-se nas quintas do Douro, em que o plantio da vinha já não é feito com picaretas mas com escavadoras, o cultivo com tractores e não com a enxada, a apanha das uvas com algumas máquinas de apanha , o transporte com tractores, a feitura do vinho com lagares altamente sofisticados, ainda que pareçam, por vezes, a reprodução de métodos tradicionais.
Mas falemos em outras culturas, em que sucede algo de semelhante : pomares de macieiras, olivais, amendoais, etc..
Pergunta: - Como vai continuar a fazer-se a modernização, se as pessoas estão todas velhas?
Respondo: - Eu não afirmei que isso seria feito pelos residentes.
Isso pode ser feito por quem resida em Mirandela, em Vila Real ou até no Porto. As novas vias irão possibilitar isso mesmo.
As novas vias podem ,portanto, contribuir mais para a desertificação que para o povoamento.
E até , talvez seja necessário um maior abandono dos terrenos para que mais facilmente possa proceder-se ao redimensionamento, que permita, por exemplo, aproveitar grandes extensões na pecuária(sobretudo, gado caprino).
Por hoje é tudo. Obrigado por ter proporcionado esta explanação dos meus pontos de vista.
Cumprimento-o com consideração.
JLM
Só falta aqui a benção do cónego.
Caro JLM,
eu não disse que havia no seu texto contradições "insanáveis"; apenas quis mostrar-lhe algumas contradições explícitas, mas que não são, contudo, insanáveis. Por outro lado, fico mais descansado quando JLM afirma reconhecer-se, lui même, um ser contraditório!
De qualquer modo, faltava àquele texto, aquilo que muito bem explica neste e que, assim, lhe serve (àquele texto), de verdadeiro complemento.
Ah, e, por favor, não me volte a atribuir outros nomes (como p. ex., o de LVS), pois tenho o maior gosto em confrontá-lo, nesta divertida dialética, com a minha verdadeira identidade.
Cumps.
h.r.
Desculpe,H.R.:não fui eu que lhe atribuí explicitamente a sigla de LVS e nem a usei para o incriminar.
Eu apenas suspeitei que fossem a mesma pessoa e não sei se dei alguma vez a entender essa suspeita.
Quem fez a equiparação explícita não fui eu.
JLM
Desculpe, caro JLM, mas eu não disse que me atribuiu explicitamente a sigla de LVS. Por eu ter entendido que, implicitamente (vide o pequeno texto acima, de 19 março de 2011, às 14:16) mostrava essa sua suspeita, é que eu coloquei a questão, mas saiba que não guardo disso a menor mágoa. É natural que, por este ou aquele indício que nos parece familiar, atribuamos a autoria de um texto a alguém conhecido com caraterísticas semelhantes. E disso tenho sido vítima. Às vezes, se em grupo, até pode alguém dizer: "este texto é de fulano" e a pessoa acredita logo piamente. Chama-se a isso, em linguagem popular, "emprenhar p'los ouvidos"...
Cumps.
h.r.
É melhor acabar por aqui a conversa, que a coisa já está a descer ao nível dos ouvidos.
A agricultura, com modernização ou sem ela, ainda vai ser um meio muito importante para que muitas pessoas, que possuam terrenos agricultáveis, consigam viver sem passar fome.Nas grandes cidades já se verifica isso.Tudo o que possa ser agricultado não fica a monte.
Chama-se a este ultimo comentário, falta de argumentação perante uma evidência.
Ó amigos JLM e h.r, por amor de Deus!
Sabem o que quero dizer!
Tenham pacência!
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