domingo, 13 de março de 2011

Adaptação moderna de "Os Lusíadas"

I
As sarnas de barões todos inchados
Eleitos pela plebe lusitana,
Que agora se encontram instalados
Fazendo aquilo que lhes dá na gana
Nos seus poleiros bem engalanados,
Mais do que permite a decência humana,
Olvidam-se do quanto proclamaram
Em campanhas com que nos enganaram!

II
E também as jogadas habilidosas
Daqueles tais que foram dilatando
Contas bancárias ignominiosas,
Do Minho ao Algarve tudo devastando,
Guardam para si as coisas valiosas.
Desprezam quem de fome vai chorando!
Gritando levarei, se tiver arte,
Esta falta de vergonha a toda a parte!

III
Falem da crise grega todo o ano!
E das aflições que à Europa deram;
Calem-se aqueles que por engano.
Votaram no refugo que elegeram!
Que a mim mete-me nojo o peito ufano
De crápulas que só enriqueceram
Com a prática de trafulhice tanta
Que andarem à solta só me espanta.

IV
E vós, ninfas do Coura onde eu nado
Por quem sempre senti carinho ardente
Não me deixeis agora abandonado
E concedei engenho à minha mente,
De modo a que possa, convosco ao lado,
Desmascarar de forma eloquente
Aqueles que já têm no seu gene
A besta horrível do poder perene!

Autor desconhecido

2 comentários:

Anónimo disse...

A tarântula

Aqui está um problema de definição lexicográfica no qual é difícil fazer que os dicionaristas acertem o compasso… na música com que presenteiam essa aranha.
Será realmente a música o melhor remédio para a cura da mordidela de tal aranha?
Ou será, antes, o desejo de ouvir “música” uma das consequências de se haver apanhado a mordidela da tarântula?
Eis o que ataranta os portugueses mais pintados.
Morais e Silva afirmou:
“Tarântula… aranha venenosas, cuja mordedura causa efeitos extraordinários; dizem que se cura por meio de música”.
Eu ia a rir-me desta inocência com que o velho dicionarista se faz eco de um boato de tratamento por meio da música. Mas arrependi-me, considerando que o que se diz vagamente às vezes tem, na própria medicina, sua razão de ser, escondida é certo; mas alguma razão.
O povo emprega taranta e taranto para designar pessoa atarantada.
Razão: o ser taranta nome antigo dessa aranha.
Não há fumo sem fogo… Que a música tem certos poderes psicológicos para a cura de doenças é coisa aceita pelos sábios.
E como o diabo da aranha ataranta todos…
…aí estamos todos atarantados com a “musicalidade” desta adaptação de “Os Lusíadas”!
É que além de MARINHEIROS, somos um país de “POETAS”!

Carlos Fiúza

Anónimo disse...

De poetas e de masoquistas, estamos a ser fortemente estrangulados e esmagados por esta política de completo desnorte deste governo, e não conseguimos ter coragem de dizer basta e rua com ele. Chega de tanta corrupção, compadrio, autoritarismo, despotismo, nepotismo, etc., etc., etc.POrque não se conteem tantas despesas que o governo faz de forma leviana e inútil? Para que tantas avenças, pareceres jurídicos e outros de montantes elevados, só para manterem o clientelismo político? Para que tantos institutos públicos que pouco ou nada produzem? para que tantos assessores de assessores nos municipios? Em suma, a situação que se vive no país e perfeitamente escandalosa a nivel político e dos políticos, mas só se esmaga a classe média e média/baixa, esta é que paga a crise, pq os políticos continuam a manter todos os seus beneficios. Para que tantos deputados? De que estamos à espera? Urge por cobro a toda esta imoralidade, nunca vista e sentida, a que vimos assistindo diariamente.