sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Daqui e dali... Henrique Raposo

O ódio de Louçã, e o PCP dos pequeninos

Portugal, 2011: a agenda política do meu país é ditada por um trotskista. Não, é pior: é ditada por uma luta entre trotskistas e leninistas. Lá fora, ninguém acredita nisto. A normalidade europeia da nossa democracia (uma coligação PS/BE) continua longe.

I. É das coisas mais difíceis de explicar a um estrangeiro: por que razão Portugal tem um governo minoritário? Por que razão não há uma coligação entre os partidos da esquerda? Por que razão ainda não existiu uma aproximação PS/BE? É difícil explicar, porque ninguém acredita que o nosso parlamento tem cerca de 17% de leninistas e trotskistas. Em 2011. Eu também não acreditava. Mas o problema está mesmo aí: o nosso regime tem este bloqueio político (não há coligações à esquerda), porque a extrema-esquerda que nunca deixou de ser extrema-esquerda. A nossa extrema-esquerda, que vive mentalmente no PREC, não soube ou não quis evoluir de extrema-esquerda para esquerda libertária. E o principal culpado por esta situação é o BE. Ou melhor, o principal culpado é o absurdo radicalismo de Louçã que não permitiu esta evolução europeia do BE . Louçã criou uma espécie de PCP trotskista para concorrer com o PCP leninista.

II. Na Alemanha, "Os Verdes" ocupam o espaço do BE, e representam aquilo que, de forma lata, pode ser apelidado de esquerda libertária: é a esquerda da libertação em relação à velha moral, a esquerda anti-Igreja, a esquerda que não quer o Estado a tutelar as relações entre pessoas, donde a defesa do casamento gay, etc. É também a esquerda da defesa dos golfinhos. É, no fundo, a esquerda moderninha que existe em qualquer país ocidental. Ora, estes "Os Verdes" germânicos encontraram plataformas de diálogo com o SPD, e foram parceiros de coligação. É normal. É assim em democracia.

III. E nós? Nada. O BE tinha todas as condições para ser o parceiro de coligação do PS, mas recusou a evolução para a esquerda libertária. Através do trostskista Louçã, o BE tem apenas lutado pela manutenção do bloqueio histórico herdado do PREC. Por causa da rigidez de Louçã, nós ainda continuamos presos aos efeitos de 1975/76. É por isso que eu digo o seguinte: a maioria dos votantes do BE é libertária, mas não sabe que está a votar num PCP dos pequeninos. Os votantes do BE pensam que estão a votar numa coisa cool e moderna, mas estão, na verdade, a legitimar um parque jurássico: a luta entre o PSR (trotskista; a base de Louçã) e o PCP (leninista).

IV. Para a semana, irei analisar entrevistas antigas de Louçã (basta 2009) . Nessas entrevistas, é visível uma coisa: Louçã precisa do ódio contra o inimigo interno, a direita, essa coisa que - segundo ele - começa dentro do PS. Louçã não aceita qualquer compromisso ou diálogo, porque precisa desse ódio, dessa obsessão pelo inimigo. Louçã vem directamente do país do ódio.
Henrique Raposo, Expresso

18 comentários:

José Carlos Rodrigues disse...

Gostava de escrever e esclarecer dois pontos a este senhor "opinion maker": o primeiro é que na Alemanha o partido/movimento que "ocupam o espaço" do BE é um partido chamado DIE LINKE e não Os verdes.

O segundo ponto: é se o "opinion maker" que é tão especialista em politica europeia deveria saber que o nosso PS, tem pouca esquerda nele, sendo dos partidos da Internacional Socialista que se encontra mais a direita, este PS nem Social quase consegue ser. É populista, ao contrário do PSF França, PSOE Espanha ou mesmo PSG Grécia. O PS se tivesse um pingo de esquerdismo, não fazia que quem trabalhe pague os erros políticos da ganância e tributava aqueles que obtêm milhões de lucros sem nada pagar e ainda por cima às nossas custas.
Por isso se explica que o nosso país tenha 17% de Esquerda verdadeira, porque é a única verdadeiramente de esquerda, se tivesse um pingo de esquerdismo, não

E não nos vamos esquecer que esta verdadeira esquerda não tem culpa de nada do que estamos a viver, mas sim os outros, não se esqueçam.

Para finalizar nunca mais ouviram falar da Islândia pois não???

Investiguem então e vejam quem governa!

Anónimo disse...

Parece que os bloquistas de carrazeda querem fazer um coloquio para organizarem as terras à boa maneira sovietica...

Ainda andam no seculo passado...

NA MINHA NÃO ENTRAM

Joca Pelago disse...

O BE apresentou o Projecto de Lei para a criação de um Banco Público de Terras Agrícolas para Arrendamento Rural destinado a facilitar o acesso a terras por via do arrendamento rural, instrumento reconhecido como importante para corrigir a dimensão física e económica das explorações, reduzir a dispersão da propriedade e incentivar o início da actividade agrícola, sobretudo de jovens agricultores.

Disponibilizar as terras agrícolas públicas desocupadas ou as que se encontram em estado de abandono é um importante contributo para o aumento da viabilidade técnica e económica das explorações, o rejuvenescimento do tecido produtivo, a melhoria dos indicadores económicos do sector agro-alimentar, o combate ao desemprego agrícola e ao êxodo rural, e ainda a promoção da investigação, experimentação, demonstração e desenvolvimento agrários.

O BE propõe a criação de um banco de terras, gerido pelo Estado, constituído pelas terras agrícolas de propriedade pública, bem como as inscritas voluntariamente pelos seus proprietários. Considerando a necessidade premente de combater o abandono dos solos produtivos, é proposta a penalização fiscal dos prédios rústicos ou mistos com aptidão agrícola em situação de abandono, a não ser que os mesmos integrem o banco público de terras.

Desta forma, é criado um incentivo para a utilização das terras agrícolas e dá-se uma oportunidade aos proprietários que não querem usar os seus terrenos para os rentabilizarem por via do seu arrendamento a terceiros, facilitando-se este processo através da existência de uma base de dados que publicita as terras disponíveis. O recenseamento destes prédios para efeito de aplicação da penalização fiscal irá ainda permitir actualizar os respectivos registos prediais, sendo um importante contributo para a realização do cadastro rústico, tarefa complexa que se afigura como urgente.

As terras deste banco destinam-se a arrendamento rural, o que permite responder de forma ágil à dificuldade no acesso à terra para o redimensionamento das explorações agrícolas ou para novos projectos de instalação, assim como facilita a disponibilização das terras. O arrendamento é realizado por concurso público, mediante apresentação de um plano de exploração para garantir a sustentabilidade das actividades agrícolas a instalar, e é estipulado um valor de renda que tenha em conta a realidade dos vários territórios para combater a especulação fundiária, a qual poderia ser um obstáculo à concretização dos objectivos subjacentes à criação do banco de terras.

Anónimo disse...

«O BE propõe a criação de um banco de terras, gerido pelo Estado»

«é proposta a penalização fiscal dos prédios rústicos ou mistos com aptidão agrícola em situação de abandono, a não ser que os mesmos integrem o banco público de terras.»

«O recenseamento destes prédios para efeito de aplicação da penalização fiscal irá ainda permitir actualizar os respectivos registos prediais»


QUEREM TAPAR OS OLHOS A QUEM?
CLARO QUE QUEREM APANHAR AS TERRAS DAS PESSOAS.
«OU DÁS A TERRA OU O FISCO LIXA-TE!»

NA MINHA TERRA NÃO ENTRAM!

Anónimo disse...

Que se saiba, nos Governos do PSD os Gestores Públicos ainda ganhavam mais do que agora, pois foi neste governo de Sócrates que os ordenados foram reduzidos e aumentada a taxa de dedução do IRS de 35 para 45 % aos altos rendimentos. Por outro lado foi este Governo que obrigou as empresa públicas a tornarem públicos os ordenados dos seus gestores, por isso é que todos sabemos e ainda bem, os ordenados desses senhores, que tanto são boys socialistas como boys sociais democratas e/ou comunistas/democratas cristãos. No entanto, vejo muitas pessoas criticarem este governo, mas não os vi criticarem os outros que, esses sim, não fizeram nada para tirarem essas regalias aos grandes. Parece que ficaram chateados. Entraram-lhes no bolso ? Eu gostei.

Anónimo disse...

Esta gente parou no tempo, só nos faltavam cá os bolcheviques que em 74 foram gloriosamnete corridos daqui para fora... ao pontapé!!!
Do alto das serras de coleja gritamos: NO PASARAM!!!
Ass. O reciclador de papel

Anónimo disse...

"nos Governos do PSD os Gestores Públicos ainda ganhavam mais do que agora"???

Grande disparate!!!

Os boys são condenáveis sejam eles de que partido forem.

Anónimo disse...

Os comunas do BE de carrazeda precisavam era de uma reciclagem e fazer uns colóquios de ambientalismo e conservação da natureza.

Ass. o "Verde"

Teodósio Meireles disse...

Portugal, 2011: a agenda política do meu país é ditada por um trotskista. Não, é pior: é ditada por uma luta entre trotskistas e leninistas. Lá fora, ninguém acredita nisto. A normalidade europeia da nossa democracia (uma coligação PS/BE) continua longe.
Henrique Raposo in Expresso


A nossa democracia é recuada porque o PS e o BE não conseguem formar maiorias parlamentares. E a principal responsabilidade mora do lado do Bloco. Porquê? Porque teima em continuar assente no seu radicalismo e a viver sob o paradigma do PREC, recusando qualquer modernização política, o que provoca, à luz do entendimento de Henrique Raposo, a não normalização europeia da democracia portuguesa.


A fonte argumentativa é toda muito bonita, e até poderia ser um excelente exercício académico, se não carecesse de toda e qualquer seriedade analítica e tivesse um verdadeiro propósito político, para além do ataque barato ao Bloco de Esquerda. O anti-bloquismo primário tem estado na moda, e sabe-se bem as razões desse ódio. Não se afronta algo gratuitamente quando é inofensivo.


Não há maiorias parlamentares à esquerda, porque não se as pode fazer com quem não lá está. O PS não se caracteriza por ser a ala direita da esquerda, mas sim, a ala esquerda da direita. Quando a Esquerda tiver maioria parlamentar, esperemos que num futuro próximo, ai poder-se-ão formar governos de esquerda. E creio que o PS não participará deles.


E ai sim, estaremos a caminho da normalização da democracia, porque uma democracia não se estabiliza enquanto durar o "new deal entre políticos e construtores (civis)", como referiu HR num seu artigo no Expresso, a política de austeridade, a distribuição radicalmente desigual da riqueza nacional e a destruição dos serviços públicos e do essencial dos direitos, liberdades e garantias. Como sabe, tudo feitos do seu espectro político.


Já agora, aproveito para o corrigir, o "Bloco de Esquerda Alemão" é o Die Linke, com o qual o BE tem vinculação internacional. Mesmo assim, com as suas diferenças.

Anónimo disse...

Saidos dos cafres bolorentos do museu de Vila Flor, cá temos nós outra vez a pseudo esquerda intelectual do charro e copo de cerveja, com mais uma ideia bonita que...não passará, felizmente,do colóquio, da tertúlia vaga ou do sofá !!
Ass. Um verde que era vermelho

Anónimo disse...

Este banco de terras é lembrança de citadinos mas não deixa de ter algo de "verdadeiramente revolucionário".
Já viram o desenvolvimento que não viria a Carrazeda se toda a serra do Vilarinho estivesse devidamente registada e a sua riqueza agrícola à disposição de tanta gente desejosa de a explorar?
Se,desta engenhosa maneira,conseguíssemos que os imensos jovens do concelho passassem a agricultar tudo,como antigamente,não só conseguíamos uma enorme produção como antigamente(tempo em que não havia miséria nenhuma)como desapareceriam os incêndios,inexistentes quando tudo era convenientemente cavado.
Voltaríamos ao paraíso perdido de outros dourados tempos.

Anónimo disse...

Não estou a ver o camarada Louçã de enxada na mão, a esgravatar a terra na serra do Vilarinho...
Talvez na Serra do Terreiro do paço, a degustar um bom vinho e com um charuto enrolado pelo camarada Fidel nos lábios...Assim sim! Viva la Revolucion!!
Ass. Estaline Laranja voltou

Anónimo disse...

Não é pelo facto de vir do BE a ideia do Banco de Terras que ela não serve.
O BE pretende ser democrático e só pela via democrática fazer vingar as suas ideias.Penso que o BE hoje já não defende a ditadura do proletariado.
A ideia não serve porque não tem ponta por que se lhe pegue.
Como iria pôr em prática tal ideia?
Com que funcionários?Como iriam estes saber se uma zona abandonada pertence a dois ou três proprietários ou a cinquenta?
Muitas zonas de Carrazeda só servirão para a pecuária(antes de qualquer outro animal,a cabra) e como conseguiriam os funcionários a extensão necessária a uma exploração moderna de cabras?E, se como acontece tantas vezes,os prédios cultivados se misturam com os não cultivados?
E onde estão as pessoas interessadas na agricultura?Quem lhes daria o capital necessário?
Esta ideia ainda tem por trás o lema"a terra a quem a trabalha"quando é certo que hoje no sentido do dito lema já ninguém trabalha a terra.Daí o abandono generalizado.
Parece ser necessário um abandono ainda maior para então sim tudo estar preparado para novas soluções.
O Banco de Terras é realmente uma ideia ultrapassada,que ainda pressupõe da parte dos jovens o mesmo apego à terra que os seus pais tinham e que a agricultura ainda pode recuar ao tempo da enxada e dos pequenos terrenos de antigamente.Não.Ninguém quer voltar ao antigamente e,mesmo que quisesse, não conseguia pôr de lado os meios modernos de fazer agricultura,que por sua vez exige outra estrutura fundiária.

Anónimo disse...

Dada grande afluência á palestra do BE, sobre o Banco de terras ( 3 pessoas na plateia mais a empregada de limpeza), está já na calha uma nova iniciativa, desta vez sobre reciclagem de papel e ecopontos.
Ass. Xamã do Além

Anónimo disse...

mas, espiritualmente,valem por mais: o cónego mesquita e o diácono remédios são cada um 3: pai, filho e espirito santo. amen.

Anónimo disse...

Vai ser lançada nova iniciativa do Limpar Portugal. A organização alerta alguns partidos da esquerda intelectual para que limpem desde já qualquer depósito de lixo de campanha, que esteja esquecido em algum pinhal. Mais solicita que simultaneamnete se limpem também algumas teias de aranha que ainda perduram nessas cabeças. Dê-se despacho.
Ass. Provedor da Mata

Anónimo disse...

Se a ausência aos debates ocorresse apenas com os do BE ainda vá que não vá.Mas não.Acontece em todos,o que quer dizer uma indiferença e desinteresse próprios de quem pretende apenas permanecer no sossego das suas lareiras.

Anónimo disse...

Nem o Barreiras Pinto lá esteve? Homem ocupado, quer dizer reformado.Esse é dos que atira a pedra e foge, só que protagonismo