sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Daqui e dali... Tiago Mesquita

Sr. primeiro-ministro: estão a comer do caixote do lixo à minha porta
Só quando levamos uma estalada visual acordamos para o efeito devastador que a crise pode ter numa família e na sociedade em geral. Sr. primeiro-ministro: faça alguma coisa porque a culpa é sua.

Diariamente são anunciados milhares de novos casos de pobreza extrema e pedidos de ajuda desesperados. Mas por vezes são precisas mais do que meras palavras para constatarmos que de facto o país está a mudar. E começa na porta ao lado da nossa. Na nossa rua. Na cidade, vila ou aldeia que habitamos.

Tive oportunidade de observar a crise de forma quase "impressionista", como um quadro a prender-me de forma violenta, cujas pinceladas fortes e cores agressivas transmitiram uma mensagem que me fez colar literalmente ao chão. Entrei numa realidade que julgava sobredimensionada, pintada com outras cores por quem nos governa, com tonalidades bem mais suaves. Entretidos que estamos na nossa vida diária, alheados e mergulhados em problemas muitas vezes comezinhos, esquecemo-nos de ver. Olhamos, mas não vemos.

Mas eu vi. Pouco deveria passar das 23h30. Passeava o cão no jardim fronteiro ao prédio quando um automóvel parou junto ao parqueamento. As pessoas que saíram da viatura não me conseguiam ver. A rua estava deserta. Um casal e um rapaz, não deveria ter mais do que 6 anos. Uma família como qualquer outra. Aproximaram-se a medo dos caixotes. Um a um, foram recolhendo lixo alheio. Lixo que para esta família parecia servir. O rapaz colocou vários sacos na bagageira até que algo o fez parar, saltando apressado para o banco traseiro da viatura. Espreitou pelo vidro. Estavam os três a olhar para mim. Senti a vergonha deles por terem sido avistados e a minha por não saber reagir. Fiquei sem chão.

Senhor primeiro-ministro: quando o ouço falar em energias renováveis tenho vontade de regurgitar. Quando ouço V.exa falar de progresso, de crescimento e desenvolvimento, de um Estado Social e de solidariedade: regurgito mesmo. Quando o voltar a ouvir falar em sacrifícios vou-me lembrar sempre do que vi nos olhos de um garoto, que é certamente muito mais homem do que muitos homens. E não me vou esquecer de si, do mal que tem feito ao país e que continua a fazer impunemente. O tempo o julgará, já que a Justiça está visto que não pode fazê-lo.

PS: as traseiras dos hipermercados deste país são nos tempos que correm, em alguns dias da semana, quase tão movimentadas como o interior dos mesmos. Sugiro ao Senhor primeiro-ministro uma visita a estes locais em vez de andar por aí a visitar fábricas que exportam rolhas para a China e portáteis para a Venezuela. Ou será que não quer ver o país real? O país que o senhor ajudou a construir. Ou devo dizer destruir?
Tiago Mesquita, Expresso

4 comentários:

Anónimo disse...

Seguimos em frente na marcha do socialismo de gaveta, regurgitado por este facínora que nos desgoverna, até ficarmos sem pele e sem ossos, que a carne já foi!!
Ass. Eles comem tudo

mario carvalho disse...

para meditar.. ainda estão a tempo

http://sol.sapo.pt/inicio/Internacional/Interior.aspx?content_id=6708

Filho de Madoff enforcou-se
11 de Dezembro, 2010
O filho de Bernard Madoff, o multimilionário famoso pela maior fraude financeira de sempre, foi encontrado morto. Mark Madoff, de 46 anos, estava enforcado na sala do seu apartamento loft no SoHo, Nova Iorque, enquanto o seu filho de dois anos dormia no quarto ao lado.
Mark Madoff pôs fim à vida no dia em que se assinalam dois anos desde a prisão do pai, condenado a 150 anos pela fraude em esquema de pirâmide que custou milhões de dólares a vários investidores.

Mark, que denunciou o seu pai às autoridades, nunca foi acusado criminalmente no processo da maior fraude de sempre, mas estava agora sob investigação. Mark e o irmão, Andrew, garantem que nunca se aperceberam dos esquemas do pai enquanto trabalhavam na empresa deste.

No entanto, Mark estava sem contacto com o irmão e o tio há mais de um ano.

Mark foi encontrado pelo sogro, depois de a sua mulher ter recebido um e-mail suspeito do marido a pedir alguém para vigiar o bebé.

SOL

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sacarina
12.12.2010 - 00:11 denunciar

Só se enforca quando falta a guita para fazer algo de melhor na vida.

Eu preferia ter enforcado o meu pai.


ZUMBA
11.12.2010 - 22:12 denunciar

Aqui o «obama
11.12.2010 - 20:21»

quer exorcizar o seu partido... Ingloriamente!
Se calhar, até tem parentes metidos até às orelhas no lodo da corrupção.
PJ, aqui fica uma pista: indaguem este energúmeno fedorento!!
macanudo
11.12.2010 - 22:05 denunciar

Engraçado como aparecem pessoas de nível tão baixo que tentam comparar o Prof. Cavaco Silva por exemplo Armando Vara, Sócrates e sua mamã Adelaide, Isaltino, Fátima Felgueiras, etc. etc.
Volto a repetir é preciso ser muito baixo para entrar nestas comparações!!!!
JBo
11.12.2010 - 21:02 denunciar

E diria ainda mais, Filhos do Vale Azevedo, do Rendeiro, do Pedro Caldeira Cabral, lembram-se?
obama
11.12.2010 - 20:21 denunciar

Eu bem sei que os filhos de Dias Loureiro, Oliveira Costa, Miguel Cadilhe, Arlindo de Carvalho, Cavaco e Silva, Rui Machete, entre outros, não têm culpa dos pecados dos papás....a não ser que sejam peixinhos-nadadores, claro..........mas que nos deixa todos a pensar nestes energúmenos lá isso deixa.

Anónimo disse...

Oh senhor Tiago Mesquita.Valha-nos Deus! Os trabalhadores das energias renováveis, os trabalhadores dos portáteis, das rolhas etc. etc, também são gente, ou não ? Segundo a sua opinião essas pessoas deveriam ir para o desemprego, andar pelas ruas, ir buscar comida aos contentores, para depois o senhor fazer belas prosas. É evidente que também ganha o seu a fazê-las, caso contrário lá teria também de ir ao contentor ! Concordo que defenda essas pessoas, mas por favor não despreze aqueles que trabalham, nas renováveis, nos portáteis, nas cortiças....!

mario carvalho disse...

http://www.spokenword.org/program/1332878#

vale a pena ouvir minuto 40

a vergonha do responsável pelo arquivamento do processo no Igespar

ser também um dos promotores do plano nacional de barragens