quarta-feira, 29 de junho de 2011

Daqui e dali... Vitorino Almeida Ventura

Manuel António Pina,
um tutankamoniano para o prémio Camões (# 2)


A Poesia Vai Acabar

A poesia vai acabar, os poetas
vão ser colocados em lugares mais úteis.
Por exemplo, observadores de pássaros
(enquanto os pássaros não
acabarem). Esta certeza tive-a hoje ao
entrar numa repartição pública.
Um senhor míope atendia devagar
ao balcão; eu perguntei: «Que fez algum
poeta por este senhor?» E a pergunta
afligiu-me tanto por dentro e por
fora da cabeça que tive que voltar a ler
toda a poesia desde o princípio do mundo.
Uma pergunta numa cabeça.
— Como uma coroa de espinhos:
estão todos a ver onde o autor quer chegar? —


in Ainda não é o fim nem o princípio, calma é apenas um pouco tarde.

Perpassa, neste poema, uma maldição tutankamoniana (claro que irónica) sobre o fim e mesmo sobre a inutilidade da poesia, e uma pre_
ocupação com o Outro.. que me levou ao que não lê, no poema de
Joaquim Manuel Magalhães:

Melhor seria que não me lessem nunca
os que por costume lêem poesia.
Muito além deles conseguir falar
ao que chega a casa e prefere o álcool,
a música de acaso, a sombra de alguém
com o silêncio das situações ajustadas.

Não ser lido por quem lê. Somente
pelos que procuram qualquer coisa
rugosa e rápida a caminho de uma revista
onde fotografaram todo o ludíbrio da felicidade.
Que um poema meu lhes pudesse entregar,
ademais da morte,
um alívio igual ao de atirar os sapatos
que tanto apertam os pés desencaminhados.

Mais do que tudo é isso que lhes quero
na confusão destas palavras atingidas
pelo contrário do que lhes entrego.
Pode até haver crianças, brinquedos espalhados,
o cheiro da comida, todas essas coisas de que fujo,
mas que me lessem sem pensar
na armadilha de palavras assim.

Alguém que me visitasse só
com o que ficou para trás nesse dia,
antes de pôr o vídeo com que vai tentar
esquecer o peso do princípio da noite,
as horas depois do emprego e do jantar,
antes do sono que tantas vezes é
um fechamento do desconsolo.

Estrelas cadentes, outras e outras
no dia? na noite tão curta? decepadas
e enaltecidas por entre o ladrar
de um cão que na distância
responde a outro cão.


Consciência aguda de que a poesia é lida num círculo fechado de poetas, entre si, como a que teve
Alexandre O’Neil: «Quem vos lê a vós? Somos nós/ E quem nos lê a nós? Sois vós./ Tudo fica, pois,/ entre nós, entre nós».

Curiosamente, tal preocupação de «ajudar» o Outro, através da Poesia, de prestar um serviço a, parece estar arredada das suas crónicas anacrónicas, onde se declara preferir «perder um amigo a uma boa piada».

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Pequenas e médias empresas perguntam pelos 60 mil milhões destinados ao Interior

A Associação Nacional das Pequenas e Médias defendeu, sexta-feira, que é preciso saber para onde foram 60 mil milhões de euros de fundos europeus que entre 2000 e 2006 deviam ter sido investidas no Interior.

Em comunicado, a associação refere-se ao discurso do Presidente da República nas comemorações do Dia de Portugal, em que Cavaco Silva disse ser "urgente dar incentivos ao crescimento das regiões do Interior ou assimétricas".

"Onde foram aplicados 60 mil milhões de euros, referentes às dotações do QCIII (Quadro Comunitário) 2000/2006 e QREN (Quadro de Referência Estratégico Nacional), uma vez que estas transferências líquidas da UE (União Europeia) para o nosso País, deviam ter sido investidas, precisamente no desenvolvimento das Regiões de Convergência, ou Regiões do Interior", questiona a associação.

Os pequenos e médios empresários lamentam que "a única sanção que os políticos responsáveis pela gestão danosa têm é perder as eleições".

A associação questiona ainda de onde virá o dinheiro público para investimento no Interior porque o empréstimo externo vai "servir para pagar dívidas de curto prazo" e porque "os empresários e a banca estão descapitalizados".

Para a ANPMES, a União Europeia vai ter que "controlar as soberanias orçamentais" dos estados "despesistas" como Portugal ou "reduzir as dívidas, perdoando impostos às PME e às famílias". JN

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Carrazeda de Ansiães regressa este fim-de-semana à Idade Média

A Câmara de Carrazeda organiza este fim-de-semana mais um “Ansiães na Idade Média”. Uma oportunidade para recriar eventos medievais que marcaram o concelho e que o autarca, José Luís Correia, pretende transformar num cartaz turístico.
É um bom cartaz e uma actividade que tem muito interesse para aproveitarmos o castelo de Ansiães, para o divulgar e tirar dividendos com turistas que possam vir”, explicou.

A zona histórica da vila e o Castelo de Ansiães são os palcos deste evento.
Não podemos esquecer-nos da importância que o castelo de Ansiães teve na Idade Média. Não podemos deixá-lo ao abandono. Temos de lhe dar alguma vida e notoriedade.”
José Luís Correia assume que este fim-de-semana nem é o melhor para o “Ansiães na Idade Média”, dado que coincide com algumas festividades de São João em aldeia do concelho.
No entanto terá sido a melhor altura para a Escola Profissional de Ansiães que também participa na produção do evento, a par da companhia Vivarte.
Espero que seja também um pretexto de formação para o jovens do concelho e uma forma de dar a conhecer o modus vivendi da Idade Média.”
Ansiães na Idade Média”, a iniciativa da Câmara de Carrazeda para animar este sábado e domingo na zona histórica da vila e no Castelo de Ansiães.
Haverá lutas, mostras de armas, danças e cantares, e um espectáculo musical das culturas cristã, moçárabe, judia e moura sarracena.
CIR /Brigantia

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Ansiães na Idade Média - 25/26 de Junho


Daqui e dali... Carlos Fiúza

Sacripanta & Companhia


Em pleno “centro histórico” da cidade onde resido, situa-se um dos cafés mais “castiços” que conheci até hoje.
De seu nome “Portugal” (curioso nome, não?) tudo lá acontece…
Autêntico caldeirão de sociabilidade e cultura, tudo ali é permitido. Não se pode fumar? Pois fume-se! Não de deve dizer mal da Câmara (mesmo em frente)? Pois diga-se, especialmente quando a sua presidente ali vai para tomar uma “bica” retemperadora! Não se deve chamar de “corruptos” aos representantes dos diversos partidos políticos? Pois chame-se: se não for a mesa 1 será a 4, a 7 ou a 10!
É “PROIBIDO PROIBIR”! E assim a sua “fauna” é diversa…
À negrura das capas dos universitários junta-se a brancura da indumentária dos pintores da construção civil. À palavra mais comedida opõe-se o mais puro vernáculo… Dir-se-ia que Deus e o Diabo entram lá de mãos dadas, misturando sons e cores, odores e temperamentos!
São as conversas em voz alta de mesa para mesa; são os diversos sons do futebol com as “provocações” do costume à mistura; são, enfim, tudo a que se possa chamar de “surreal”…
Mas tudo parece “normal” para os seus frequentadores! Qual “tertúlia”, quer chova ou faça sol, religiosamente, lá vou todos os dias!
Pois há dias assisti a uma zaragata por causa de um “penalty” que o não seria (ou seria?).
Palavra puxa palavra, insulto traz insulto, comportamento arrasta comportamento.
Daí à intervenção dos polícias de giro (antes que a batalha verbal descambasse em campal) foi um “ar que lhe deu”.
No meu “canto” (sim, porque cada “grupo” tem o “seu canto”, a sua área geográfica bem definida por “cores” clubísticas, políticas, intelectuais ou outras) assisti a todo o desenrolar da “cena”. Só não sei o início (se é que isso interessa).
Cheio de “gozo” interior e enquanto um dos polícias tomava os apontamentos da ocorrência (tentando apaziguar os ânimos), eu fui apontando (mentalmente) as minhas notas de filologia filosófica dos insultos ou das ofensas que acabara de ouvir.
Um sujeito, exaltadíssimo, disse ao outro: “Você é um canalha, um pirata, um malandro, um filho da p….
Peço desculpa, mas não posso reproduzir o adjetivo final com que o sujeito classificou, numa síntese violenta, o seu antagonista (melhor dizendo, a mãe deste), o qual, depois de ouvir os doestos do “inimigo”, se saiu com esta:
Olhe, mais vale ser canalha, biltre, pirata, malandro ou mesmo filho da p… do que ser um fingido, um cínico e um sacripanta como você é.”
Posso afiançar que as pessoas circundantes dos rivais, ao ouvirem a palavra sacripanta, desataram todas a rir, inclusivamente o polícia que não resistiu ao poder do vocábulo sacripanta. Como utilidade linguística, aquela zaragata (autêntica escola de escárnio e maldizer) ministrou-me assunto para o estudo que passo a apresentar da linguagem dos insultos mais frequentes.
Isto de se chamar sacripanta a um sujeito como se explica? Estou em crer que 99% das pessoas que se dão à prática de ofenderem o próximo com tal epíteto nem sonham com a origem, que foi esta muito simples:
O poeta da renascença italiana Ariosto, na epopeia romanesca, espirituosa e pinturesca chamada “Orlando Furioso” deu-nos o celebérrimo personagem do Sacripanta, tipo de perverso, velhaco, um verdadeiro patife, um homem canalha.
Este tipo do Sacripanta famoso, entrou, portanto, na adjetivação comum de patife.
Mas continuemos… O primeiro dos zaragateiros chamou canalha ao outro.
Que é canalha? Coisa boa não é.
A canalha começou por ser um coletivo: era o ajuntamento de cães.
Cão em latim era canis ou canes. Ora, já em latim o cão se podia utilizar com injúria.
De can se formou o coletivo francês canaille, o coletivo italiano canaglia, o coletivo português canalha, etc.
Em francês, como cão é chien, houve chiennaille; mas o italiano canaglia sobrepôs-se e formou-se canaille.
Canalha é, pois, na essência, o conjunto de cães, a cachorrada.
As mulheres do Norte, rodeadas de sua filharada, quando esta faz desmandos, gritam: “Estai quedos! Que tal está a canalha!”.
Canalha são os filhos, como cachorrada que faz diabruras.
Como os cães juntos, se já são maus, se tornam piores, é óbvio que a palavra canalha passou a aplicar-se, figuradamente, à gente ruim.
Perdida a noção de que a canalha era coletivo, formou-se em aceção singular para referir o indivíduo patife.
O chamar-se, por exemplo, cínico a alguém implica em que também entra o cão, ao recordar que cínico veio do grego Kynikós, de Kyon, cão, do nome de uma seita de desdenhadores, que mordiam moralmente.
Quanto ao pirata, foi-se buscar à vida dos mares esse epíteto.
Pirata era toda a gente que andava nas aventuras dos mares, tentando a boa sorte, porque em grego peiratês é o que tenta, de peirán, tentar.
O termo injurioso malandro é mais complicado e a sua origem muito confusa.
É possível que malandro seja um derivado regressivo do italiano malandrino, que nos deu malandrim, tudo relacionado com a sarna das pernas das bestas e dos vagabundos.
De vagabundo passou ao sentido pejorativo. Em francês há malandrin, também do italiano malandrino.
Deve, pois, o malandro relacionar-se com pústulas e sarna.
Depois de estudados os termos ofensivos da zaragata a que assisti, passo a trazer à análise outras palavras de injúria.
Seu patife! - Aqui está uma exclamação frequentíssima, infelizmente prova de que há muita patifaria no mundo.
Parece que patife se relaciona com espatifar, do latim patefacere, abrir (as entranhas, por exemplo).
Relacionar patife com espatifar é, pois, de coerência semântica e formal.
E o maroto? Esta palavra entra muito em injúrias, com tanta intensidade como o mariola.
Seu maroto, seu mariola!” Isto é audível amiúde. Mas também se ouve muito: “Ele é um marau”. Ora, como em francês há maraud, trapaceiro, gatuno, larápio, os marotos, os maraus devem relacionar-se no sentido de patife, larápio e até… gato vadio.
O maroto é assim, como marau, de baixa estirpe, e até aos figos maus e bravos se chama “figos marotos”, como se chamam “olhos marotos” a olhos com maldade ou leve malícia.
Está-se a ver claramente que nos insultos se vai buscar à condição dos “Vadios, Moinantes & Companhia” a forma de injuriar.
Não é useiro este termo “vadio” como ofensa? Vadio é o vagativo, o que vagueia.
Ele é um biltre!” Aqui temos nós outro termo assaz injurioso, recebido de França, onde bêlitre, mendigo, vadio, miserável, maltrapilho, foi a princípio frade mendicante.
Belistre, bêlitre, que nos deu biltre, começou, portanto, na indigência dos peregrinos frades da França, passou a mendigo e de mendigo saltou ao sentido injurioso de patife, malandro.
Quando se diz “seu biltre”, fundamentalmente está chamar-se mendigo, pedinte, indigente à pessoa que recebe o ofensa.
E o rol seria infindável…
Mas é de mencionar um facto importante: a degradação semasiológica de certos termos utilizados como injúrias, os quais, tendo ganho um mau sentido por exagero, para sempre ficaram tomados à má parte.
Por exemplo: vilão, traficante, tratante.
És um vilão, és um tratante”. Isto hoje ofende. Mas dantes não ofendia, porque vilão era o da vila, e tratante era o que tratava, como traficante era o que traficava.
Chamar vilão a um homem era tão natural e tão inocente como chamar-lhe camponês. Mas vilão passou a campónio. Por influência de vil, julgou-se que vilão era o muito vil, e como já o sentido de campónio (que o vilão incluía) ajudava a ser vilão sinónimo de grosseiro, rude, baixo, o vilão passou a termo de injúria.
Tratante significa propriamente o que trata, o que se encarrega de tudo, no sentido de comércio, negócio, tráfico de mercadorias. Hoje, porém, torna-se à má parte, e é quase sinónimo de traficante.
Como se vê, a luta de interesses e de negócios dá o seu contributo à linguagem injuriosa.
Não admira. Tem sido sempre assim, desde que o mundo é mundo…
Os rivais são hoje os que, por oposição de interesses, disputam algo, como riquezas, valores morais e materiais, etc. Pois, os rivais primitivos eram os que estavam em margens opostas dos rios: latim rivalis, de rivus, rego de água, ribeiro. Os ribeirinhos, os que conduzem a água pelo mesmo ribeiro, eram rivales. Ora, das rixas, das zaragatas, por causa da concorrência das águas, nasceu a rivalidade, a inimizade.
A rivalidade, a inimizade pode trazer o insulto e o escândalo.
O escândalo põe a linguagem do avesso, trocando até inocências por maledicências.
Por exemplo, este termo que acabo de empregar, escândalo, não tinha nada de mal, e agora tem. Escândalo pode ser hoje ofensa ou injúria.
Como nasceu escândalo? Nasceu numa pedra, a pedra que faz tropeçar, em grego skándalon, a pedra do escândalo.
Quem tropeça irrita-se. Quem se irrita em geral injuria.
A inspiradora das injúrias é na verdade a ira. E a ira é tão perigosa que até os próprios cultores da virtude caem nela.
Se tropeçamos, chamamos nomes às pedras. Se nos queimamos, chamamos nomes ao lume.
E até se conta que certo rapazinho estava um dia atento a ver um padre mui virtuoso a pregar um prego na parede.
Perguntou-lhe o clérigo: “porque é que estás tão atento a ver-me pregar um prego?”
Desculpe reverendo, respondeu o moço, mas estava a ver se vossa reverência falhava o prego, para eu saber o que o senhor padre diria, ao dar com o martelo nos dedos”.
Esta não é do Padre Manuel Bernardes, mas serve para lhe dar razão quando ele disse que a “ira é como o cão, e esta às vezes primeiro morde ao hóspede, do que este lhe possa dar nome”.
Façamos, então, como as crianças, quando nos ofenderem.
Macaco sem rabo!” chamou um miúdo ao outro. Resposta deste: “Sou macaco, tenho fama. Mais macaco é quem me chama”.

Carlos Fiúza

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Daqui e dali... Vitorino Almeida Ventura

Manuel António Pina,
um tutankamoniano para o prémio Camões (# 1)

o que me vale

o que me vale aos fins de semana
é o teu amor provinciano e bom
para ele compro bombons
para ele compro bananas
para o teu amor teu amon
tu tankamon meu amor
para o teu amor tu te flamas
tu te frutti tu te inflamas
oh o teu amor não tem com
plicações viva aragon
morram as repartições

in Ainda não é o fim nem o princípio, calma é apenas um pouco tarde.

Desde o primeiro livro de poemas, que Manuel António Pina revela um enorme pendor filosofante e sarcástico, e um meio termo entre a poesia do quotidiano e a da linguagem da linguagem, com os jogos que são evidentes, neste poema, sob a referência maior ao/do dadá surrealista Louis Aragon. Claro que

os «tesouros» de Manuel António (bem maiores do que os do sarcófago de Tutankamon) não se ficam pela poesia, mas pela ficção, pelo teatro e pela literatura infanto-juvenil. No teatro, acompanhei no Pé de Vento as actuações do meu bom amigo Rui Spranger, nas suas peças «Os piratas» e «História do sábio fechado na sua biblioteca», assim como li (com o meu filho) o «Pequeno livro da desmatemática» da colecção Assirinha, trocando por vezes o «têpluquê».

O que se disse... Mário Soares

«A saída voluntária de Sócrates foi um ato de bom senso e abriu a porta a dois candidatos a líder que têm a vantagem de ser pessoas inteligentes, experientes e honestas.»

Mário Soares, Visão

Especialistas defendem mais colaboração entre instituições sociais

O trabalho em rede entre instituições particulares de solidariedade social é fundamental para promover o bem-estar da população idosa da região. A opinião foi expressa pela directora técnica do Centro Social e Paroquial de Izeda durante o primeiro Fórum da Ciência que decorreu esta terça-feira, em Bragança, e que abordava “A Realidade da Pessoa Idosa”.
Marisa Lopes considera que já existem na região instituições suficientes para responder às necessidades desta faixa etária, mas entende que deveria haver um trabalho conjunto de planificação e distribuição dos serviços.
Já há uma boa cobertura. Devemos é unir-nos e planificar correctamente os serviços e distribuí-los uniformemente. Em cera medida já vamos fazendo algum trabalho mas acho que ainda temos de unir esforços para pensarmos correctamente a quem falta dar assistência e planificar rotas.”
Este Fórum foi organizado pelos alunos finalistas da licenciatura em Gerontologia, do Instituto Politécnico de Bragança.
Nuno Afonso, o representante, diz que esta é uma forma diferente de conjugar a teoria e a prática.
Uma coisa é chegar lá e dizer que as coisas se fazem desta forma e que têm esta e aquela doença. Acaba-se mais por descrever a doença do que encontrar métodos para chegar aos idosos. Fala-se imenso de teoria mas a prática de chegar ao idoso não é uma coisa que se possa ensinar numa sala de aulas”, garante.
A Fundação Betânia, de Bragança, foi a outra instituição parceira desta iniciativa.
A directora técnica, Paula Pimentel, salienta a importância destas acções para melhorar a qualidade dos serviços prestados.
Não quisemos apenas trazer conteúdos teóricos mas dar exemplos práticos de situações que nos preocupam, como a qualidade, a realidade da terceira idade, o que devemos fazer para tornar o dia-a-dia das pessoas institucionalizadas ou não melhor.”
Um fórum que contou com diversas instituições, técnicos, docentes e idosos.
Brigantia

terça-feira, 14 de junho de 2011

Daqui e dali... Carlos Fiúza

O “psicanalista” e eu - Parte II


“… as tendências e a razão são realidades com peso semelhante” (JLM).

Há no Homem grande multiplicidade de tendências, mas todas elas derivam de um impulso vital ou vontade de viver, que na criança se manifesta apenas pelas tendências instintivas e aumenta consideravelmente no adulto à medida que se desenvolve o conhecimento do mundo, de si mesmo e dos bens ideais.

Assim, o adulto espiritualisa e intelectualiza as tendências instintivas, tornando-as voluntárias, adquirindo outras novas - as habituais.
Todas as tendências têm influência na formação do “eu”, como realidade consciente, alimentando-o e desenvolvendo-o.
No entanto, todas as tendências devem ser regradas e bem dirigidas; caso contrário, em vez de qualidades dignas da “pessoa”, tornam-se vícios nefastos (como aponta, e com razão, o meu amigo João Lopes de Matos).
Há quem afirme que a “pessoa” não é mais do um fruto da sociedade.
Não é essa a minha “visão”.
Para mim, cada PESSOA tem na sua própria natureza o que a caracteriza - a RAZÃO!
A sociedade pode, quando muito, contribuir para a sua formação e defesa.
Lembremo-nos que as tendências não são conscientes em si próprias, mas nas suas manifestações.
Por vezes, condições morais e conveniências sociais (como a educação) exigem que as regremos e dominemos para evitar os seus desmandos.
Para isto forma-se em nós uma espécie de “crítica” (como que uma censura) que “fiscaliza” a passagem das tendências do inconsciente para o consciente, para avaliar a sua “conveniência” ou “não conveniência”.
A este trabalho chamou Freud de “recalcamento” ou “ repressão”, ensinando-nos que a tendência contrariada produz um estado desagradável, que nos pode levar à cólera, à tristeza doentia e ao desespero.
Mas, as tendências assim reprimidas não desaparecem imediatamente… permanecem em nós à espera do momento oportuno para se satisfazerem.
É para evitar estes factos que recorremos à “sublimação”, desviando a tendência de um objeto para outro, transformando-a numa de ordem superior.

Todo o Homem é provido de psiquismo inferior (temperamento) e de psiquismo superior (caráter).
Toda a nossa vida psíquica obedece, assim, a estas duas forças que lhe dão uma uniformidade e uma constância tais que nos permitem determinar (com uma certa exatidão) o comportamento do Homem em face daquilo que o estimula.

Quando este binómio “falha”, podemos cair nas tendências exaltadas, ou seja, nas “paixões”, as quais se desenvolvem mais nuns indivíduos do que noutros, consoante certos fatores de ordem fisiológica, social e psicológica.

E é aqui que ocorre a “VONTADE” (ou a falta dela) … a paixão só se poderá desenvolver ou fortificar se o Homem não estiver na plenitude de si mesmo, isto é, se não tiver uma vontade forte.
E quando essa vontade falta… surgem os “desvios”, apontados por JLM.
Só que… quer a cleptomania quer a psicopatia (como eu “entendo” o Homem) são atos involuntários da sua própria vontade (ou da falta dela) - são, tão só, disfunções neurovegetativas.
Aqui (como salienta JLM) o campo é fértil … a neurociência o dirá!

“… a comida roubada à monja franciscana e ao goliardo, poderá constituir-se alimento daqueles que não conseguem produzir algo de próprio” (VAV).

Carlos Fiúza

P.S. Obrigado a ambos.

Daqui e dali... Carlos Fiúza

O “psicanalista” e eu…


Qualquer tratado de psicologia (mesmo “manhoso”) ensina que tendência é uma disposição ou propensão do ser vivo para produzir outros atos e procurar determinados fins.
As tendências aumentam em número e complexidade desde o animal ao homem e da criança ao adulto.
Os “apetites” devem ser regulados pela razão, sob pena de degenerarem em paixões grosseiras.
As tendências são, assim, “guardas” da nossa personalidade, e, por isso, são legítimas e necessárias quando contidas em justos limites; de contrário, dão origem a vícios, como o ódio, a inveja, o orgulho.
O homem é naturalmente levado a “imitar” o que vê nos outros, e daqui se conclui a força do exemplo na educação da juventude, que o povo sintetiza no aforismo “diz-me com quem andas e dir-te-ei quem és”.
A própria “simpatia” é já um contágio de emoções e não um simples contágio de atos, como a imitação.
Amar é querer bem ao objeto amado; é uma inclinação do amante para com o amado, que o leva a encarnar-se neste.
O objeto amado vive no amante, como o objeto conhecido no conhecedor.
A amizade é uma modalidade do amor de benevolência; é um amor de preferência entre duas ou mais pessoas.
A amizade procura, mediante ações, a felicidade de outra pessoa; tudo é comum entre amigos, porque o amigo é como que um outro “eu”.
O amor e a amizade adoçam as agruras da vida; são estímulos capazes de levar o homem aos maiores sacrifícios.
Uma vida passada sem amor e amizade é uma vida estéril, infeliz, que incapacita o indivíduo de empreender grandes obras.
Todas as grandes ações são fruto de amor e amizade.
É certo que em oposição ao amor, temos o ódio, que dá origem a atos de aversão.
Daí o dizer-se que todos os atos têm por base o amor ou o ódio.
No entanto, como o ódio a um objeto ou pessoa deriva do amor que temos a outro objeto ou pessoa, por aquele impedir a prossecução deste, não repugna basear todas as tendências no amor.
Toda a vida psíquica do homem, caracterizada por uma infinidade de atos, é condicionada pelas suas tendências que não são mais do que energias para atuar.
No homem cada órgão tem a sua função e cada atividade a sua finalidade, mas todas estas funções ou finalidades devem ser dirigidas num único sentido:
o HOMEM deve agir como convém a um ser que pensa.
Daqui a minha “confusão”:
- Germano ou género humano?
Carlos Fiúza

domingo, 12 de junho de 2011

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Morte do Bloco de Esquerda: missa do 7º dia realiza-se no Domingo - Tiago Mesquita

Não tenho nada contra este partido em particular, apesar de nunca ter percebido para que serve, quais os ideais que defende, se é que defende algum para além de contestar os demais. Se é de esquerda ou direita, a oscilar entre o radical e o liberal consoante o tema. É uma espécie de salada de frutas partidária. E é notório um contra-senso entre o que vai apregoando, causas que abraça e o estilo de vida da maioria dos seus apoiantes. Mas como gostos e opções, políticas ou outras, não se discutem sempre procurei respeitar quem me dizia "sou do Bloco". Diziam ultimamente que "era um voto útil". Pergunto: útil para quem?

Mas sempre vi na expressão "sou do Bloco" uma estranha necessidade de afirmação, como se só por ser pronunciada a pessoa ganhasse uma espécie de auréola de superioridade intelectual em relação aos que votam nos demais partidos (os que contam de facto para alguma coisa em termos eleitorais). O Bloco para mim sempre foi aquele partido que aparece em bicos dos pés em tudo o que é manifestação, normalmente com cães presos por um baraço. Uma espécie de circo ambulante. Uma miscelânea de Gandhi com Guevara passando pela Madre Teresa de Calcutá. Da legalização das drogas leves ao fim da guerra no planeta Marte. Da defesa dos polícias em patrulhamento sem pistola à condenação do extermínio dos pombos da baixa pombalina. Tudo com erva, t-shirts coloridas biodegradáveis e rastas à mistura.

Nasceu da contestação e agora gera desconfiança. Não é só e apenas a contestar que algum dia se chega a governar, nem tão governar-se a si próprio. Traduzido: o BE é um partido estéril e feito do descontentamento da massa crítica votante nos restantes partidos, quando esta tem na realidade de optar por uma mudança o BE desaparece. Morre.

E o que me parece que os bloquistas ainda não absorveram foi que o partido faleceu no Domingo passado. A intransigência em relação à Troika com a velha máxima "não pagamos" e a abertura escancarada a uma liderança de direita estraçalhou o partido, e com ele o já bastante ofuscado líder Francisco Louça. E aqui começa o problema. É comum dizer-se que não há insubstituíveis, mas o BE é a excepção que confirma a regra. Louçã é o Bloco e o Bloco é Louçã. E o bloco com outro líder qualquer vale tanto politicamente como o PND. Portanto os senhores que se estão a colocar, e sabemos quem são, em bicos dos pés e a "atacar" há já algum tempo (com pinças) o partido para tirar Louçã do poder vão tirando o cavalinho da chuva não vá o bicho constipar-se. Esse dia não vai acontecer tão cedo. Expresso

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Agenda Cultural - Junho

Exposição - Fotografia no Douro - Biblioteca Municipal

Feira da Sustentabilidade Urbana promove inovações ecológicas

Começou ontem em Bragança a primeira edição da Feira Ibérica da Sustentabilidade Urbana. É organizada pela câmara de Bragança, Diputacion de Zamora, Instituto Politécnico de Bragança e NERBA. Durante a abertura, o presidente da câmara destacou a importância deste evento. “Fazemo-lo ao nível de um projecto que proximamente se iniciará que é o Parque de Ciência e Tecnologia que sustenta a sua estratégia nas quatro áreas presentes nesta feira” refere Jorge Nunes, acrescentando que “é um projecto de parceria regional que envolverá instituições pública e empresas”. (...) A Feira Ibérica da Sustentabilidade decorre até quinta-feira. Brigantia
Público

Daqui e dali... Tiago Mesquita

Ex-Primeiro-Ministro Islandês julgado por negligência e José Sócrates vai de férias?
Depois da despedida "emocionada", a farsola repugnante com que José Sócrates brindou os portugueses no domingo passado via teleponto, hoje foi a vez da mensagem interna ao partido: "O secretário-geral cessante do PS, José Sócrates, despediu-se hoje da Comissão Nacional do PS com uma mensagem curta mas emotiva, dizendo para os dirigentes socialistas "eu adoro-vos". Jornal Sol
Não é de chorar a rir? "Adoro-vos" meus queridos. Agora adeus! Aguentem-se à bronca! Bye.
Só mesmo neste país da treta é que um Primeiro-Ministro que causou o caos político, social e económico se demite e despede com esta ligeireza das suas funções, desresponsabilizando-se moral, política e quem sabe, a exemplo de outros países, criminalmente do passado recente e das suas acções que muito contribuíram e foram o ponto de partida para o estado de degradação a que chegámos.
É certo que não é costume julgarmos os políticos pelas suas acções mas ia sendo altura de o fazermos, dar o exemplo para não arriscar um novo Sócrates nos próximos 100 anos, o mesmo tempo que precisamos de recuar para vislumbrar uma crise desta dimensão.
"O antigo Primeiro-Ministro islandês Geir Haarde está hoje em tribunal, acusado formalmente de ter contribuído para a crise, ao não conseguir evitá-la, e de ter falhado nos seus deveres para lidar com as consequências ( ...) O ex-líder do Executivo islandês rejeita todas as acusações. No entanto, se for considerado culpado, pode ser condenado a uma pena de prisão, salienta a Associated Press. (...) O Parlamento da Islândia, em Setembro passado, acusar formalmente Geri Haarde por ter alegadamente fracassado no dever de ter evitado a crise de 2008. Esta crise gerou uma forte contestação social no país e fez cair o governo (...) Negócios Online
Este senhor islandês também nacionalizou bancos, foram 3 no total, falava de recursos verdes, do mar e do capital humano (onde é que eu já ouvi isto) para superar um colapso financeiro que levou o país à bancarrota. "Ficaremos bem, comeremos aquilo que pescaremos" - dizia esta figurinha na altura até o povo islandês o atirar ao charco.
Lei n.º 34/87, de 16 de Julho CRIMES DE RESPONSABILIDADE DE TITULARES DE CARGOS POLÍTICOS, CAPÍTULO II - Dos crimes de responsabilidade de titular de cargo político em especial, Artigo 7.º - Traição à Pátria: "O titular de cargo político que, com flagrante desvio ou abuso das suas funções ou COM GRAVE VIOLAÇÂO DE INERENTES DEVERES, ainda que por meio não violento nem de ameaça de violência, tentar separar da Mãe-Pátria, ou entregar a país estrangeiro, ou submeter a soberania estrangeira, o todo ou uma parte do território português, ofender OU PUSER EM PERIGO A INDEPENDÊNCIA DO PAÍS será punido com prisão de dez a quinze anos."

Por mim, a provar-se o desvio de funções e a grave violação de inerentes deveres, dado que a independência do país já é um passado, agora que somos reféns de entidades externas, iam todos de cana. Um a um. A começar pelo "chefe". Férias sim, mas na prisão se preciso for para que isto não se volte a repetir. Chega de gozarem com o povo português. Deviam ser todos julgados e punidos severamente. Expresso

terça-feira, 7 de junho de 2011

Sócrates vai para o "Guiness" pela sua incompetência, diz Belmiro

O patrão da Sonae considera que não há ninguém que tenha feito "tanta coisa tão mal em tão pouco tempo".

Belmiro de Azevedo fez duras críticas a José Sócrates, sublinhando que o primeiro-ministro deve ir para o livro do Guiness pela sua incompetência.

"Não há exemplo de alguém ter feito tanta coisa tão mal feita em tão pouco tempo. José Sócrates vai para o Guinness", afirmou o empresário, citado pelo "Jornal de Negócios".

O responsável acusou Sócrates de ser "chefe de um grupo de empregados". "Só havia um ministro: José Sócrates. Até o Teixeira dos Santos ultrapassou e ignorou", acrescentou Belmiro. Na semana passada, durante o comício do PSD no Porto, o presidente da Sonae disse acreditar que o partido de Passos Coelho iria "ganhar largamente "as eleições legislativas, contra o partido socialista.

"O PS já não é um partido sequer, é uma máquina, mas já esgotou a máquina, não tem gasolina, veio tudo para baixo", concluiu Belmiro de Azevedo. Expresso

segunda-feira, 6 de junho de 2011

PSD arrecada maior votação em Bragança

Bragança foi o distrito do país com maior percentagem de votação no PSD.

Confirma-se assim o desejo formulado pelo cabeça-de-lista do PSD aquando da passagem de Pedro Passos Coelho na região, em campanha, referindo que se houvesse Passistão seria aqui em Bragança. O PSD volta a eleger dois deputados no distrito de Bragança, à semelhança de 2009, mas desta vez com uma larga diferença relativamente ao segundo ao PS.

Os sociais-democratas obtiveram 51,81% reforçando a votação em quase 10 pontos percentuais relativamente a 2009, recuperando mais de cinco mil votos. Ganharam em todos os concelhos do distrito, sendo que Vimioso foi onde se registou a maior votação com 61,28%.

O PS ficou-se nos 26,28% descendo mais de seis pontos percentuais comparativamente com as últimas eleições, perdendo cerca de oito mil votos.Em Alfândega da Fé registou o melhor resultou com 34,75%. O CDS/PP foi a terceira força mais votada com 11,08%, descendo mais de um ponto percentual e registando o seu melhor resultado em Mirandela, com 15,61%.

Em quarto lugar ficou a CDU com 2,59% dos votos, crescendo ligeiramente em termos percentuais relativamente a 2009, mas perdendo 61 votos.

O Bloco de Esquerda obteve 2,30% da votação, contra os 6,2 % de 2009. Foram menos 3500 votos. Dos 153945 eleitores inscritos, 49,13% (menos de metade) exerceram o direito de voto.A abstenção registou por isso, uma subida em relação às últimas eleições, situando-se nos 50,87 por cento.
Nota final para os 1428 votos brancos, que representam 1,89 por cento do total de votos no distrito de Bragança. Brigantia

sábado, 4 de junho de 2011

Manuel Esteves - O voto em branco não é como o algodão - engana

O voto em branco ameaça virar moda. Como qualquer moda, é frágil, superficial e passageiro.

Mas como não gosto de modas, atiro-me ao desfile dos argumentos que pululam por aí:

1. "Não me identifico com nenhum partido". O voto em branco tem laivos de sectarismo. O eleitor não está disposto a aceitar um partido com o qual não se identifique em todas as vertentes e não perdoa os deslizes do passado. Por outro lado, por detrás do voto em branco está, muitas vezes, uma pretensa superioridade: "o meu voto é demasiado bom para ir para aquela gente".

2. "É uma forma de protesto contra a classe política medíocre". A classe política é uma construção nossa. Existe porque a maioria de nós abdicou da sua condição política, abandonando qualquer tipo de intervenção política e social, entregando aos políticos profissionais a tarefa de resolver os nossos problemas. Metemo-nos numa enorme alhada. E agora não só dizemos que a culpa é deles, como esperamos ingenuamente que, após uma chicotada de brancura, sejam eles a resolver o nosso problema.

3. "Serve para retirar legitimidade ao sistema". O voto em branco não tira nem dá nada precisamente porque vai vazio. O eleitor torna, de facto, o parlamento menos representativo, ao reduzir o número dos que escolhem os deputados da República. Mas ao mesmo tempo que tira representatividade aos escolhidos, reforça a sua impunidade na medida em que estes passam a depender de menos gente. Quanto menos legitimidade, melhor. Quanto pior, melhor. É um voto fraco, que não derruba nem elege ninguém.

4. "Quero ser independente dos partidos". O eleitor do voto em branco quer sentir-se puro e imaculado, para mais tarde poder dizer: "não tenho nada a ver com isto". Coloca-se à margem do problema como se o problema não fosse seu. Nosso. É bastante cómodo. Primeiro, não temos trabalho a escolher; e depois, não nos responsabilizamos pelas escolhas. É uma desistência. Decidam vocês que eu não sou capaz.

5. "O voto em branco é claro e transparente". Pelo contrário. É opaco. Não tem representantes, nem se sabe o que representa. Não vincula ninguém a nada. Quando o Parlamento tiver de votar a reforma da Segurança Social, a nacionalização de um banco ou a interrupção voluntária da gravidez, de que lado fica o voto em branco? Enfim, sendo legítimo, o voto em branco imagina-se puritano. Recatado, gosta de se ver ao espelho. Vive bem com Deus e com o Diabo e, quando se chateia, o mais que diz é: "agarrem-me, se não eu desgraço-me". Acontece que de tão branco que é, torna-se maçador. Falta-lhe cor. Movimento. Dor. Editor de Economia do Negócios

DIA DE REFLEXÃO

Henrique Monteiro

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Daqui e dali... Henrique Raposo

Sócrates derrotou-nos

Além dos factos objectivos , importa destacar um facto, digamos, moral: Sócrates representou um declínio moral da nossa política e do nosso debate público. Dentro da nossa normalidade democrática, nunca houve esta agressividade para com a imprensa , e esta má-educação no parlamento ("manso é a tua tia" é apenas o exemplo máximo) . E o pior é que Sócrates conseguiu que o país começasse a pensar como ele. Assim, ao longo destes anos, a agressividade intolerável perante os jornalistas passou a ser vista como uma "estratégia de marketing político", como uma "estratégia de comunicação que evita as gaffes e erros". Ao longo destes anos, a evidente má educação do primeiro-ministro (perante adversários políticos e perante jornalistas) passou a ser vista como um símbolo do "animal político", o "animal feroz". "Ele é assim", ouvi várias vezes. "Não há nada a fazer", outras tantas vezes. Ou seja, nós aceitámos o inaceitável, porque sim, porque o poder-é-assim-e-não-há-nada-a-fazer. Este relativismo mudou o nome às coisas, e representa a vitória de Sócrates sobre nós, sobre o espaço público.

Recebo mails de leitores todos os dias. Na semana passada, recebi o mail que mais me marcou. Dizia uma senhora que "v. não devia falar das mentiras de Sócrates, porque já ninguém liga", e dizia isto com um ar de desilusão em relação a mim. Ou seja, eu - que estava a apontar as mentiras do nosso PM - é que estava a desiludir a senhora, que, com certeza, queria outro tipo de texto, sei lá, sobre os golfinhos do Sado ou sobre as giestas transmontanas. E este convívio fácil e normal com a mentira não é monopólio desta senhora. Toda a gente se deixou afectar por isso. Aliás, devo fazer aqui um mea culpa: ontem, vi de raspão esta notícia sobre a Lusa , e não liguei. Num ambiente de normalidade liberal e civilizada, este assunto rebentaria em manchetes e em aberturas de telejornal, e eu escreveria inevitavelmente sobre o dito assunto. Ora, isso não aconteceu, nem vai acontecer, porque Sócrates derrotou-nos. Venceu-nos moralmente. Estamos todos cansados moralmente, sem vontade. Estamos espojados numa inércia amoral. É por isso que celebro, com champanhe e tudo, estas declarações da direcção da Rádio Renascença: "(...) admitimos assim que José Sócrates não aceitou o nosso convite, mais uma vez, não por ignorar a importância da audiência da Renascença, mas antes por conhecer bem de mais a qualidade do nosso jornalismo. A Direcção de Informação lamenta este empobrecimento do debate democrático e continuará a bater-se pelo reforço da Liberdade de Informação, sem abdicar de colocar as perguntas certas, por mais incómodas que sejam" . Ámen.

No dia 5 de Junho, temos de defender Portugal disto. Temos de defender Portugal de José Sócrates e deste socratismo amoral. Não está só em causa o facto de estarmos mais pobres do que em 2004. Nós também estamos mais amorais ou mesmo imorais, e já é tempo de dizer basta. Expresso

A descolagem

Henrique Monteiro

Daqui e dali... Camilo Lourenço

Podemos confiar num político assim?

Um dia ouvi um juiz questionar um condutor que não parara num cruzamento.

O homem, que não tinha prioridade, jurava que o acidente só acontecera porque o outro vinha demasiado depressa. Ao que o juiz retorquiu: "Stop" quer dizer "Parar", não "Parar se o outro vier depressa". Perante a insistência o juiz, irritado, disparou: "Você é um indivíduo perigoso: o que está a dizer é que, apesar da regra ser obrigatória, quando sair daqui volta a prevaricar. Se calhar é melhor tirar-lhe a carta".

Lembrei-me desta história depois de ver a versão final (FMI) do memorando acordado com a Troika. O documento, assinado pelo ministro das Finanças e pelo governador do Banco de Portugal diz, ipsis verbis, que o próximo Governo tem de fazer uma "major reduction" da Taxa Social Única (até final de Julho). Ora nos debates televisivos, o 1º ministro jurou que se chefiasse o próximo Governo apenas faria uma pequena redução da TSU. E mesmo assim, só depois de estudar o assunto. Como se não conhecesse o documento que o seu ministro das Finanças assinara. Documento que passou a valer como lei!

José Sócrates parece-se cada vez mais como o condutor que não queria cumprir a regra da prioridade. E o seu comportamento dá razão aos que perguntam se o país pode confiar num político que protagonizou tantos "casos": promessa de não governar com o FMI (de que se retratou nos debates), "aldrabices" na execução orçamental do 1º trimestre, redução de prazos (imposto pelo Ecofin) na execução de algumas medidas do memorando, facto ocultado ao país (para ficarmos só pela últimas semanas). A resposta, se as sondagens valem alguma coisa, promete ser clara. Jornal de Negócios

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Daqui e dali... Tiago Mesquita

Paulo Campos e José Sócrates são tão "fixes" como ter hemorróidas


Num discurso na Guarda, Paulo Campos - secretário de Estado adjunto e cabeça de lista do PS neste distrito, mais um milagre da ascensão socialista cujo nome aparece em tudo o que é de surpreendente nos últimos anos de governação, decidiu desatar num berreiro gritando "Sócrates é fixe", uma histeria que quase terminava em apoplexia, como se Sócrates fosse uma espécie de novo Soares embrulhado em papel de forrar as gavetas das cuecas.
Mas quem é este Paulo Campos? Segundo o jornal I: "Paulo Campos teve entre 1994 e 2002 uma empresa de produção de espectáculos (chamada Puro Prazer). O negócio acabou por fechar, mas - de acordo com a Rádio Renascença - a entrada no governo permitiu ao actual secretário de Estado adjunto das Obras Públicas dar emprego aos seus antigos sócios. E foi nos CTT, que estão sob tutela de Paulo Campos.
Em Junho de 2005, Marcos Afonso Batista foi nomeado administrador dos Correios de Portugal e de mais cinco empresas do grupo. Já em Abril de 2009, Luís Pinheiro Piteira - que tem apenas a frequência do terceiro ano da licenciatura em Contabilidade - assumiu funções como administrador da Empresa de Arquivo de Documentação (empresa participada dos CTT) e este ano passou a acumular funções na Payshop, onde também é administrador"
Mas pior! Leia-se a justificação para as nomeações dada pelo próprio Paulo Campos em entrevista, é simplesmente hilariante!


O senhor Secretário de Estado há-de admitir que nomear dois ex-sócios para uma empresa sob a sua tutela não é o procedimento mais feliz.
- Como já expliquei em comunicado esses dois meus ex-sócios foram escolhidos exclusivamente em função da sua competência e vasta experiencia na área da gestão.
O que aconteceu à empresa que fundaram nos anos 90?
- Cessou a sua actividade. Acabou. Terminou. Basicamente morreu.
Então esses bons gestores levaram à falência uma empresa privada?
- Não levaram nada à falência, o que se passa é que essa empresa, a Puro Prazer, tinha uma função muito específica: organizar a Semana Académica de Lisboa de 1995.
Fundaram uma empresa só para organizar uma festa?
- Sim.
E organizar uma festa torna os seus sócios competentes para trabalhar nos CTT?


- Então não?! E você se calhar já não se recorda mas aquilo foi uma festa de arromba. E distribuir cartas é muito mais fácil que distribuir rodadas de imperial.


Eu diria mais: num governo de José Sócrates é mais fácil ser secretário de Estado adjunto do que distribuir rodadas de Imperial. Uma valente vassourada nesta gente toda. Já no dia 5! Expresso

Imagens de campanha

Lusa

Daqui e dali... Gonçalo Bordalo Pinheiro

Mentiras, ocultações e ameaças


José Sócrates anunciou que iria fazer uma campanha eleitoral como a de Obama, à custa de voluntários; acabou por fazer uma mais parecida com a de Kadhafi, à custa de desgraçados. Em primeiro lugar, porque se preocupou em forjar. Na ausência de voluntários genuínos como os do Presidente dos EUA, o PS tratou de recrutar imigrantes pobres e fragilizados (indianos, paquistaneses, moçambicanos) para darem o seu apoio nos comícios em troca de comida.

Em segundo lugar, porque se empenhou em esconder. Quando os números da execução orçamental eram maus e mostravam que o Estado não conseguia reduzir a despesa, o Governo adiou pagamentos para ocultar os verdadeiros valores e anunciar uma falsa redução do défice na véspera do debate com Passos Coelho.

Finalmente, porque apostou em ameaçar. Desde o início da campanha, Sócrates é protegido por um grupo de vândalos com camisolas a dizer “Defender Portugal”.

Nos últimos dias, esse grupo (que confunde a defesa do líder com a defesa do País) envolveu-se em confrontos violentos com duas pessoas: um elemento de um blogue e um popular com um megafone. A direcção do partido poderia distanciar-se destas cenas. Mas prefere solidarizar-se.

É isto que nos deixa muito mais perto de uma tirania africana do que de uma democracia desenvolvida. Sábado

quarta-feira, 1 de junho de 2011

O fim do império

Henrique Monteiro

Daqui e dali... Henrique Raposo

Os factos que devem condenar Sócrates


Não são opiniões ou divergências ideológicas. Não são fixações doentias. Não são estados de espírito. Não. São factos. Factos objectivos que revelam o desastre governativo do consulado Sócrates.
- Estamos a viver a maior vaga de emigração desde os anos 60. Pelas contas de Álvaro Santos Pereira, estão a sair de Portugal cerca de 100 mil portugueses por ano (2007: 108.388; 2008: 101.595 - como é que o nosso primeiro justifica estes números que são relativos a anos anteriores à salvífica crise internacional?). Toda a gente em Portugal já foi tocada pelo drama da emigração. Toda a gente tem um primo ou amigo que foi forçado a emigrar. Quando é que começamos a falar a sério disto?
- A dívida pública portuguesa estava nos 60% em 1995. Em 2005, continuava na casa dos 60%. Com Sócrates, a dívida disparou de forma incrível (quase 100% em 2010), sobretudo a partir de 2008 e 2009. Então o nosso primeiro-ministro começou a pedir dinheiro emprestado no preciso momento em que estalou a tal crise internacional do crédito? Pois, era preciso vencer umas eleições através da falácia-mor de 2009: "ah, falar de endividamento é bota-abaixismo".
- Em 2005, a carga fiscal estava nos 34% do PIB. Com Sócrates, a pressão dos impostos aumentou para 37%. Obrigado, senhor engenheiro. Aumentar impostos é a forma mais fácil e perversa de gerir um país.
- Entre 2014 e 2026, nós, portugueses, iremos pagar todos os anos mais de 1.500 milhões de euros em PPP. 1500 milhões é o mínimo, porque a conta pode chegar aos 2500 milhões (entre 2014 e 2018). Até 2038, iremos pagar - no mínimo - 1000 milhões por ano. A conta das PPP só baixará dos 500 milhões por ano em 2040. Ou seja, os meus netos ainda vão ter de pagar a conta deixada por Sócrates. Como já afirmei, a questão não é a reestruturação da dívida (até porque isso nem depende só de nós; estamos numa moeda partilhada). A grande questão passa por reestruturar esta conta com os construtores e concessionárias.

Acho que por hoje já chega. Amanhã há mais. Mais factos. Expresso

Candidaturas ao PRODER para jovens agricultores reabrem hoje

Reabrem hoje as candidaturas a projectos de Jovens Agricultores. As candidaturas estiveram suspensas desde o passado mês de Fevereiro. Na altura, o Ministério da Agricultura justificou a interrupção com o excesso de candidatos.
Agora, promoveu diversas alterações.
O princípio de aprovação de candidaturas foi invertido. Se até aqui era dada primazia aos projectos simples, que recebiam à cabeça 32 mil euros, com os restantes oito mil pagos mediante a concretização da candidatura, agora, passa a ser obrigatória a apresentação de um plano de investimento associado. As comparticipações rondam, em média, os 50 por cento do valor dos projectos.
Ainda no último fim-de-semana, no dia do agricultor, em Macedo de Cavaleiros, José Matos, da Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Norte, apontava as principais alterações sofridas pelo programa.
O prémio é agora em função do subsídio atribuído, deixa de haver prémio só por si, tem de haver investimento associado. Houve alguma simplificação de alguns processos. E houve um aumento da taxa do subsídio.”
Em Fevereiro, o ministério da Agricultura adiantava que o orçamento para este ano para este projecto chegava aos 156 milhões de euros, estando já aprovadas 2528 novas instalações de jovens, no montante de 101 milhões de euros. Entre Dezembro e Fevereiro deram entrada 950 candidaturas, com o Ministério da Agricultura a indicar a média de 80 por cento de aprovações.
No entanto, das candidaturas apresentadas, apenas metade tinham associados projectos de investimento.
Brigantia/CIR