domingo, 6 de janeiro de 2008

lpveloso - intertoon

6 comentários:

Anónimo disse...

Quer dizer,a existência foi confirmada...
agora o que está por confirmar é a sua capacidade de libertação, de independência, de vontade própria, etc. etecetra.
Quando conseguimos olhar para nós próprios, depois de confrontados com um simples comentário em banda desenhada, tão bem pensado e executado, concluimos então da nossa pequenez!
Bem sei que temos muita gente inteligente, competente, voluntariosa, desde escritores a políticos, mas que a todos valha Deus!
Quando constactamos que não somos ouvidos nem achados nas grandes opções que fazem sobre o que é nosso, que nem confiança nos dão sobre questões que tanto nos deviam dizer respeito...
Então temos de concordar que cá, por detrás destes montes, somos nada de nada...porque asim quermeos, consuetudináriamente!

Anónimo disse...

Quero dizer " ...porque assim queremos..." e não como, por lapso, se encontra escrito.

mario carvalho disse...

In Diario das Beiras online
com uma vénia ao autor e ao Jornal

João Boavida

A CULTUTA É QUE DURA

Portugal radical

As máquinas chegam e começam a romper pela paisagem. Acéfalas e cegas, com a coragem dos broncos, fazem sulcos fundos, levam à frente árvores, arbustos, frutos, raízes, muros, socalcos, veios de água, arredando penedias, arrancando tocos, destruindo luras e tocas, deixando atrás de si feridas irreparáveis sem qualquer dó, pondo ao sol, sem uma única lágrima, a carne viva e avermelhada da terra a uivar de dor na paisagem violada.
Chegam e começam a destruir o que temos de melhor com o à vontade do costume e a impunidade habitual. Nestas acções somos eficazes e lépidos, suficientemente rápidos para que os mais atentos e respeitadores do ambiente, os que compreendem, os que sentem, os que sabem o que vale um património paisagístico como o nosso não possam fazer nada. Só gritar, depois, quando o mal está feito.
Levam as licenças, papéis assinados, com carimbos, pois claro, não temos nós um Ministério do Ambiente? A toda a hora nos perguntamos para quê, mas ele lá está, em Lisboa, mantendo funcionários, dando estatuto de ministro a um senhor qualquer. Levam os papéis, mas se não levarem também não haverá problema. Primeiro estraga-se e depois logo se vê.
Parece que toda aquela destruição é para estudar as condições geológicas de uma futura barragem. Não se percebe para quê tanto aparato destruidor para fazer simples estudos, embora se compreenda na lógica de uma obra que estão certos irão construir e para a qual é preciso ir já preparando os terrenos, aproveitar as máquinas, quiçá criar condições para dizer qualquer dia, nos telejornais, que já se gastaram tantos milhões de euros e que agora seria um desperdício voltar atrás, etc. e tal, a conversa é conhecida.
Mas o absurdo da história aumenta quando se ouve que, fazendo a barragem, se submergirá a via férria que, pelo seu valor paisagístico e enorme potencialidade turística, está a ser recuperada pela CP. Tudo isto se passa no vale do Tua, onde a EDP, na lógica de um capitalismo selvagem que agora nos governa e que domina o mundo, acha que deve fazer uma barragem, mesmo que a dita pouco venha a acrescentar à nossa energia hídrica e seja preciso fazer desaparecer um itinerário turístico excepcional.
Alguns autarcas da zona já perceberam que é muito mais valioso o vale único e lindíssimo que o lago artificial que o quer engolir. Outros, presos a subdesenvolvimentos vários, ainda não compreenderam que uma barragem lhes aumentará o subdesenvolvimento porque lhes destruirá os melhores trunfos, pois mais vale uma bela via que me passeie e deleite que um charco que me afogue e elimine.
O turismo é o nosso petróleo, diz–se, com vantagens relativamente ao outro, mas não há maneira de lhe darmos os cuidados de que precisa, e por tudo e nada destruímos aquilo que o qualifica. Além disso os senhores do betão não querem saber disso e são eles que mandam. Enquanto houver algum verde em Portugal aí estão eles prontos entrar em cena com as máquinas. O segundo acto já começou e é puro teatro do absurdo. Em Portugal costumamos matar as galinhas dos ovos de oiro, ou trocá-las por dois vinténs furados. Somos inteligentes até fartar.

Anónimo disse...

...LHES AUMENTÁRÁ O SUBDESENOLVIMENTO..
Ora aí está a tradução clara do pensamento dos autarcas que, defendendo a barragem, pouco se importam que o vale do Tua seja engolido pela água.

Se não são acapazes de promover o desenvolvimento por via dos fortes investimentos que não conseguem;

Se não são capazes de inverter o caos das finanças das suas autarquias;

Se têm consciência plena que são parte dos principais responsáveis do défice do Estado Português;

Então, tapam o velho sol com a velha peneira e vão andando, embolsando seus grossos vencimentos e respectivas ajudas de custo que de outra forma jamais conseguiriam.
NÓS PAGAMOS, RELIGIOSAMENTE!

Anónimo disse...

Leia-se SUBDESENVOLVIMENTO.
Desculpem. Obrigada.

Anónimo disse...

E só agora é que eu vi isto???
O autor do cartoon. Eu. Alguém que também se orgulha ser do interior. Os meus agradecimentos.L.Veloso.