Serviços Sociais: - dois pensares
Há serviços que devem ser garantidos a todos, sobretudo aos mais desfavorecidos: - a saúde, a educação, a assistência infantil, a assistência na velhice, além de outros.
Como garantirem-se melhor estes serviços: através de organismos estatais ou através de outras instituições, designadamente, movimentos de boa vontade, leigos e religiosos?
Para uns, indubitavelmente, pertence ao Estado zelar pela existência da totalidade de todos esses serviços, já que recebe os impostos para o seu financiamento.
Para outros, os cidadãos passariam a pagar menos impostos e, em contrapartida, ficariam eles cidadãos responsabilizados por muito do que é prestado pelo Estado.
Isto teria a vantagem de responsabilizar os cidadãos pelo bom funcionamento de muitas instituições sociais, impedindo-os de atirar todas as obrigações para essa entidade distante, chamada Estado, governada por funcionários, por vezes indiferentes ao bom ou mau funcionamento dos serviços, mais interessados na satisfação dos seus interesses corporativos. Com a governação através de diversificadas instituições, os problemas seriam acompanhados mais de perto e deformas mais autónomas e com menor burocracia.
Existem, na realidade, movimentos, associações e instituições, que têm uma vocação social meritória, aos quais, por vezes, é retirada a possibilidade de porem em prática toda a sua boa vontade, uma vez que as suas hipotéticas actividades são absorvidas pelo todo poderoso Estado.
Há mesmo muitas entidades (as várias igrejas, em especial a Igreja Católica) que se dedicam sobretudo a actos de culto (de adoração a Deus) e a rituais como baptizados, casamentos e funerais, que são presididos pelos seus elementos mais importantes, que poderiam passar a dedicar-se mais a outras actividades de amor ao próximo (obras sociais) desde que aqueles actos de culto e rituais pudessem ser delegados noutros elementos, passando os elementos mais importantes a dedicarem-se mais à coordenação dos actos de culto e rituais e dos actos sociais.
Estamos, pois, aqui, perante duas visões diferentes, que não têm necessariamente de se oporem, podendo até complementarem-se, em maior ou menor grau.
A escolha política que qualquer dia teremos de tomar, entre outras coisas, residirá nesta: a solução mais estatal do Partido Socialista ou a solução mais diversificada e privada do Partido Social Democrata.
João Lopes de Matos